Na conferência da Comissão Nacional Justiça e Paz, a socióloga do ambiente referiu que Igreja tem um “papel fundamental nesta mudança de mentalidade”
Lisboa, 07 Nov 2020 (Ecclesia) – A socióloga do ambiente, Luísa Schmidt, disse, hoje, na conferência anual da Comissão Nacional Justiça e Paz (CNJP) subordinada ao tema «Viver a Laudato Si´ – Hoje» que a crise provocada pela pandemia “criou ruturas na transição ecológica”.
Nesta iniciativa, transmitida online, a professora universitária realçou que nos últimos cinco anos, desde que foi publicada a encíclica «Laudato Si», “nunca se emitiram tantos gases” e “utilizados combustíveis”.
“A igreja tem um papel fundamental nesta mudança de mentalidade”, sem esquecer “o papel dos movimentos juvenis”, disse.
O presidente da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP), D. José Ornelas, abriu a reflexão promovida pela CNJP e realçou que nestes meses “fomos apanhados” por um “grande susto”
“É preciso encontrar um novo equilíbrio nas atividades porque os recursos não são infindáveis”, sublinhou.
O mundo necessita de uma “ecologia humanista” porque se vive “num manto de nuvens tenebrosas sobre o futuro”, afirmou o presidente da CEP.
O crescimento das capacidades humanas “não foi acompanhado pela ética e pela espiritualidade”, lamentou D. José Ornelas.
Ao falar das mudanças entre 2015 e 2020, Luísa Schmidt sublinhou o “crescente consenso académico sobre as alterações académicas” e que o Papa Francisco está “rodeado por bons cientistas”.
Apesar do “aumento das energias renováveis” e de a ONU, através do seu Secretário-Geral, António Guterres, tentarem aplicar as “linhas mestras da Laudato Si”, a “extinção da biodiversidade nunca foi tão dramática” e os “índices da fome voltaram a subir”, lamentou a socióloga do ambiente.
“As catástrofes aumentaram, basta ver os furações e incêndios”, acentuou Luísa Schmidt.
“Não dependemos apenas das nossas capacidades” e “não basta realizar o equilíbrio entre a terra e a humanidade”, segundo D. José Ornelas as duas encíclicas (Laudato Si e Fratelli Tutti) são “muitos atuais” porque o Papa Francisco “colocou no centro as questões fundamentais”.
O professor da Academia Alfonsina (Roma – Itália), padre Martin Nunez, outro dos intervenientes na conferência anual da CNJP falou sobre como «Viver a Laudato Si´ Hoje» e centrou a sua reflexão no pensamento filosófico e antropológico ao longo dos tempos.
O padre Martin Nunez defende um “pacto global da humanização” porque o mundo necessita de “uma ecologia e antropologia integral”, disse.
“Não dependemos apenas das nossas capacidades” e “não se pode deixar ninguém para trás”, por isso o mundo requer uma “atitude nova”.
A pandemia que o mundo vive “revelou que o lado global da economia evidenciou a vulnerabilidade” e a produção da “opulência custa muito aos países do terceiro mundo”, lamentou a Luísa Schmidt.
Com o “antropocentrismo despótico” e a “cultura do descarte” que se vive, “os pobres são os primeiros a sofrer”, disse o professor da Academia Alfonsina.
A encíclica «Laudato Si» “pede mais que teorias” e a “família tem uma papel fundamental” na execução das linhas mestras do documento, defende Martin Nunez.
Na sessão de encerramento D. José Traquina, presidente da Comissão Episcopal da Pastoral Social e Mobilidade Humana, referiu que a “mãe terra” reclama “os maus tratos que tem sofrido”.
“É a nossa própria dignidade que está em jogo”, concluiu.
LFS