«Os Açores na vanguarda da Ecologia integral» foi o tema do último debate dedicado a documentos do Papa Francisco
Angra do Heroísmo, Açores, 14 jul 2021 (Ecclesia) – António Frias Martins, professor catedrático, afirmou que a casa comum “está com problemas” mas pode-se ajudar “através da fé”, num debate sobre a encíclica ‘Laudato Si’, promovido pelo Instituto Católico de Cultura (ICC) da Diocese de Angra.
“Nós é que estamos em perigo. Nós temos de descobrir um novo paradigma de gestão dos recursos naturais, isto não vai com pensos rápidos”, disse o docente, alertando para a contínua “utilização desregrada dos recursos naturais”, divulga o portal ‘Igreja Açores’.
O ICC, da Diocese de Angra, em parceria com o Santuário do Senhor Santo Cristo dos Milagres, promoveu, esta terça-feira, um debate sobre a encíclica ‘Laudato Si’, publicada em 2015, o último de um ciclo dedicado aos documentos estruturantes do pontificado de Francisco, transmitido na RTP-Açores.
“O problema dos pobres tem de ser resolvido, essa é a chave desta encíclica”, afirmou António Frias Martins.
“Se não resolvermos o problema da distribuição da riqueza, se não conseguirmos tornar os recursos acessíveis a todos de forma sustentável estaremos seriamente em perigo”, acrescentou o professor catedrático da Universidade dos Açores.
Viriato Soromenho Marques, professor de Filosofia, destacou por sua vez que a encíclica ecológica e social é um marco no pontificado do Papa Francisco mas também “no entendimento e na relação que a Igreja tem com o ambiente”.
“Este documento posiciona a Igreja Católica no centro do debate do futuro da habitação do homem na Terra; A palavra-chave é integração, é uma encíclica que tanto satisfaz o pensamento crítico e analítico, mas que convoca também a nós seres humanos a desenvolver e a promover a capacidade de intervir”, desenvolveu o filósofo e ambientalista.
Para Francisco Ferreira, da Associação ambientalista Zero, o documento do Papa “antecipa” o que seriam conferências “decisivas para o planeta e é verdadeiramente global para todos os países”, quanto “à interligação entre o planeta, as pessoas, a paz e a prosperidade”.
“Nós não nos apercebemos de que, desde a revolução industrial, temos aumentado de forma exponencial o modo como temos vindo a desrespeitar o planeta sem respeitar os seus limites”, desenvolveu o também professor universitário.
‘Os Açores na vanguarda da Ecologia integral’ foi o tema desta debate e Viriato Soromenho Marques considerou que o arquipélago português tem um registo que “parece marcado por uma maior prudência e um sentido de medida mais apurado”.
“Que radica na compreensão de que a preservação do arquipélago é um ativo económico que faz parte de uma economia da hospitalidade, que contrasta com um turismo mais intensivo que trata a paisagem como uma mercadoria que é consumida e destruída”, desenvolveu o professor universitário.
Segundo o economista biólogo Francisco Wallenstein, o ser humano tem de “conhecer a sua própria natureza e respeitá-la”, e se tiver uma postura respeitadora de si próprio “também poderá respeitar o que o envolve”.
“Numa economia de mercado o lucro por si só não é mau, as pessoas é que não podem tentar obtê-lo a todo o custo e é disso que o Papa Francisco fala”, referiu o investigador da Universidade dos Açores, lê-se no portal ‘Igreja Açores’.
O último debate sobre os documentos estruturantes do pontificado de Francisco foi moderado pelo diretor da Agência ECCLESIA, o jornalista Paulo Rocha; o primeiro encontro foi sobre a encíclica ‘Fratelli Tutti’, o segundo dedicado à ‘Economia de Francisco’.
CB/OC