«Laudato Si»/10.º aniversário: Santa Sé lança conferência global sobre a crise climática, apontando à COP30

Evento reúne Leão XIV, Marina Silva, Arnold Schwarzenegger, bispos, líderes indígenas, especialistas e representantes da sociedade civil

Da esquerda para a direita: Maina Talia, Lorna Gold, cardeal Jaime Spengler, Arnold Schwarzenegger e irmã Alessandra Smerilli Foto: Vatican Media

Cidade do Vaticano, 30 set 2025 (Ecclesia) – O Vaticano apresentou hoje, em conferência de imprensa, a conferência internacional ‘Raising Hope for Climate Justice’, (Gerando Esperança pela Justiça Climática), que vai decorrer de quarta a sexta-feira em Castel Gandolfo (Itália).

A iniciativa assinala a décimo aniversário da encíclica ecológica e social ‘Laudato Si’, do Papa Francisco, vissando promover “uma resposta global à crise climática e ecológica a partir das perspetivas da fé, da política e da sociedade civil”, lê-se numa nota enviada à Agência ECCLESIA.

O evento conta com a presença do Papa Leão XIV, ao lado de outros líderes como a ministra do Meio Ambiente do Brasil, Marina Silva, e o ex-governador da Califórnia, Arnold Schwarzenegger, além de bispos, funcionários de agências internacionais, líderes indígenas, especialistas em clima e biodiversidade e representantes da sociedade civil.

Ao longo de três dias, a conferência incluirá palestras, painéis de discussão, momentos espirituais e eventos culturais que destacarão tanto o progresso alcançado desde a ‘Laudato Si’ quanto as medidas urgentes necessárias antes da COP30 no Brasil.

Cerca de mil pessoas são esperadas para a abertura, presidida pelo Papa Leão XIV, esta quarta-feira, e 500 delegados convidados participam nas sessões de trabalho dos dias 2 e 3 de outubro.

“Esta conferência foi organizada pelo Movimento ‘Laudato Si’, em estreita colaboração com importantes organizações e parceiros membros — incluindo o Dicastério para o Serviço do Desenvolvimento Humano Integral, a ‘Caritas Internationalis’, a CIDSE, a UISG, o Movimento dos Focolares e a Aliança de Redes Eclesiais (ENA)”, refere Lorna Gold, diretora-executiva do Movimento ‘Laudato Si’, em nota enviada à Agência ECCLESIA pela organização do evento.

A responsável destaca o caráter inédito do evento: “Esta colaboração sem precedentes acontece a apenas um mês da COP30, num momento em que a humanidade necessita urgentemente de respostas corajosas e decisivas”.

A irmã Alessandra Smerilli, subsecretária do Dicastério para o Serviço do Desenvolvimento Humano Integral (Santa Sé), afirma, por sua vez, que “o décimo aniversário da ‘Laudato Si’ não é um ponto de chegada, mas um novo começo”.

A religiosa reforça a importância do Borgo ‘Laudato Si’, inaugurado em setembro pelo Papa Leão XIV, onde parte da conferência será realizada, como “um sinal concreto e um laboratório de futuro, onde fé, ecologia e cultura se entrelaçam harmoniosamente”.

O cardeal Jaime Spengler, presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil e do CELAM (Conselho Episcopal da América Latina e Caraíbas), sublinhou que “a crise ecológica exige decisões guiadas pela ética e pela coragem de estadistas capazes de acolher o clamor da Terra e o clamor dos pobres.”

“A crise ecológica é igualmente uma crise de confiança. O mundo não será salvo se as nações não recuperarem a capacidade de acreditar umas nas outras e de assumir responsabilidades comuns baseadas na justiça, como bem nos recordou o Papa Leão XIV”, acrescentou o cardeal brasileiro.

Arnold Schwarzenegger, ex-governador da Califórnia, também falou à imprensa, lembrando que “não existe um único ser humano capaz de acabar sozinho com a poluição” e insistindo na necessidade de “trabalhar juntos”.

“Diziam-nos que era preciso escolher entre proteger a economia ou proteger o meio ambiente, mas na Califórnia mostramos que é possível fazer ambos”, acrescentou.

Maina Talia, ministro do Interior, das Mudanças Climáticas e do Meio Ambiente de Tuvalu, deixou um apelo: “Cada vez que as marés sobem ou um ciclone chega, corremos o risco de perder nossas casas, nossas igrejas… É uma ameaça real para o nosso povo, para a nossa sobrevivência”.

“Para o povo de Tuvalu, um aumento de 1,5 graus celsius não é algo abstrato: é a diferença entre viver ou morrer. Significa migração forçada, insegurança alimentar, perda de terras, de vida e de cultura. A nossa sobrevivência depende de um compromisso global urgente”, disse ainda.

Esta conferência internacional coincide com o final do  ‘Tempo da Criação’ 2025, que decorre de 1 de setembro (o Dia Mundial de Oração pelo Cuidado da Criação) a 4 de outubro (festa litúrgica de São Francisco de Assis), este ano com o tema ‘Paz com a Criação’.

LFS/OC

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