«Laudate Deum»: «É preciso agir agora ou a humanidade não sobreviverá»

Apresentação da exortação apostólica «Landate Deum» decorreu nos jardins do Vaticano, com críticas aos «governos ineficazes» e alertando para a necessidade de «agir agora»

Cidade do Vaticano, 06 out 2023 (Ecclesia) – Os jardins do Vaticano receberam ontem a apresentação da nova exortação apostólica do Papa Francisco, ‘Laudate Deum’ (Louvai a Deus), através de diferentes testemunhos, que frisaram que “é preciso agir agora ou a humanidade não sobreviverá”.

Um dia após a publicação do documento, o texto do Papa sobre a ecologia integral foi alvo de reflexão numa conferência de imprensa em que os alertas recaíram sobre as alterações climáticas, a inação dos governos e líderes políticos, o cuidado com a casa comum e os combustíveis fósseis, avança o portal da Santa Sé.

Carlo Petrini, gastrónomo, sociólogo e ativista, foi um dos presentes, tendo aproveitado o discurso para criticar os “governos ineficazes e incapazes, que desenvolveram condições que levaram o meio ambiente a uma situação irreversível”.

Segundo Petrini, citado pelo Vaticano News, o documento assinado pelo Papa Francisco é “uma das últimas oportunidades para mudar o curso e tomar consciência de que não podemos olhar para o outro lado”.

Também Luisa-Marie Neubaer, uma jovem ativista climática alemã, revelou estar assustada com a “maneira” como os líderes políticos “respondem à crise”, em consequência de ter participado no movimento Fridays For Future contra as alterações climáticas, em Hamburgo, na Alemanha.

Sobre o cuidado com a casa comum, as consequências da guerra e das alterações climáticas, Jubran Ali Mohammed, migrante da Líbia e a viver em Itália, Alessandra Fermentino, jovem da ilha italiana da Sícilia e da Ação Católica e do Movimento Laudato Si’, e Ridhima Pandey, da índia, deixaram algumas palavras de alerta.

De acordo com Alessandra, que contou o rasto de destruição, entre mortes, danos em monumentos e natureza, que os incêndios provocaram na sua ilha, é importante ouvir o grito da Terra e responder com outro à vida, apelando que se faça tudo o que estiver ao alcance do ser humano.

Na mesma linha, Jubran Mohammed, de 28 anos, que descreveu a experiência da guerra e os efeitos do ciclone Daniel no país de origem, deixou uma mensagem de esperança para que “todas as pessoas aprendam a respeitar a natureza” e a defender a Casa Comum, a Terra.

“É preciso agir agora ou a humanidade não sobreviverá”, afirmou Ridhima Pandey.

Giorgio Parisi, um dos vencedores do Prémio Nobel da Física de 2021, abordou a necessidade de enfrentar as mudanças climáticas, sendo para isso necessário “um enorme esforço de todos”.

Benoit Holgand, membro do movimento pelo clima “Lutte et Contemplation”, referiu-se às condições de existência e que o ser humano está a destruir, relevando alguns dos pontos da exortação apostólica, como a resposta política e civil à crise climática, o abandono dos combustíveis fósseis e a mudança por amor e a fé em Deus, revela o portal do Vaticano.

Vandana Shiva, cientista e ativista da Índia, um dos testemunhos, abordou a conexão com Deus e o apelo a que se desenvolva um género diferente de economia, justificando que o país é capaz de produzir alimentos mais saudáveis a partir da proteção da terra, levando ao fim das práticas prejudiciais ao planeta.

Um dos momentos da conferência de imprensa teve como protagonista o escritor Jonathan Foer que despertou a atenção para o que está a acontecer no mundo e a necessidade agir agora. “Sabemos que estamos a colocar em risco as gerações futuras, mas não estamos dispostos a mudar o nosso comportamento”, refletiu.

PR

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Agência ECCLESIA

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