A primeira campanha nacional de combate ao tráfico de seres humanos arranca este Sábado, dia 18, em todos os meios de comunicação social para alertar para um fenómeno que tem vindo a crescer em Portugal, mas que não ultrapassa um centena de casos assinalados. “Desperte para esta realidade” e “Denuncie” são os lemas fundamentais da campanha que arranca no dia em que se assinala o Dia Europeu de Combate ao Tráfico de Seres Humanos e que pretende dar visibilidade ao fenómeno chamando a atenção de todos os cidadãos para a importância da denúncia de uma situação a que Portugal não é alheio. “Esta campanha insere-se também no contexto em que estamos a executar o primeiro Plano Nacional de Combate ao Tráfico de Seres Humanos, procurando intensificar um conjunto de medidas de erradicação deste flagelo”, explicou Jorge Lacão, secretário de Estado da Presidência do Conselho de Ministros que detêm a tutela da Comissão para a Cidadania e Igualdade de Géneros (CIG), entidade responsável pela campanha. O fenómeno “preocupa o Governo”, que aprovou a criação de um Observatório do Tráfico de Seres Humanos para possibilitar o país “de conhecer dados, informações, a realidade subjacente” ao fenómeno e, por outro lado, dar ferramentas que facilitem quer “o combate a esta forma gravíssima de criminalidade, quer a criar condições mais adequadas de assistência às vitimas”. O Observatório deverá estar em funcionamento até ao final deste ano, assegurou o secretário de Estado. Além de cartazes e anúncios nos vários órgãos de comunicação social, vão ser distribuídos numa primeira fase cerca de 200 mil folhetos que possam chegar a potenciais vítimas de tráfico. Estes folhetos, escritos em oito línguas diferentes, divulgam noções básicas de como as vítimas de tráfico de seres humanos podem identificar-se e recorrer a ajuda. Para que cheguem ao público-alvo, vão ser distribuídos, essencialmente, em centros de saúde, centros de atendimento da Segurança Social, associações de imigrantes e organizações não governamentais. Durante a campanha, será também divulgado o número da linha SOS Imigrante (808 257 257), que também pode servir para denunciar casos ou dar apoio a vítimas de tráfico de seres humanos. A nível europeu, e de acordo com dados das Nações Unidas disponibilizados na apresentação da campanha, estima-se que todos os anos sejam traficadas cerca de 700 mil pessoas para fins de exploração sexual ou laboral. De acordo com dados da Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE), as crianças representam mais de 30 por cento do tráfico de seres humanos em todo o mundo, estimando-se que 1,2 milhões sejam vendidas anualmente para mão-de-obra na agricultura, minas ou exploração sexual.