D. António Couto explica «melhor da humanidade» que ultrapassa «comprimento, largura e altura»
Lamego, Viseu 03 jan 2014 (Ecclesia) – O bispo da Diocese de Lamego, na solenidade de Santa Maria Mãe de Deus alertou para uma sociedade cheia “de coisas e tão vazios de humanidade e divindade” e destacou a mensagem do Papa para o Dia Mundial da Paz.
“O Papa lembra que um ser humano é sempre um fim, e nunca um meio ou objeto, que possamos reduzir a três dimensões: comprimento, largura e altura, que assim podemos comprar ou vender, usar ou deitar fora a nosso bel-prazer”, disse D. António Couto na Sé catedral de Lamego.
Da mensagem de Francisco – Não mais escravos, mas irmãos – para o 48º Dia Mundial da Paz, o prelado alertou que é pedido que toda a sociedade levante “bem alto” os seus ideais e não se deixem “atolar no lamaçal desta ‘noite do mundo’”.
“Tudo, à maneira de Babel e Sodoma, aparece indistinto, confuso e equivalente, sem rosto e sem rumo”, acrescentou no primeiro dia de 2015 recordando que o Dia da Paz foi instituído pelo Papa beato Paulo VI, em 1968.
Segundo D. António Couto, “a alegria, a paz, o amor, a esperança, a verdade, a liberdade, a ternura” não são redutíveis a três dimensões – comprimento, largura e altura – mas existem e “são mesmo o melhor da humanidade”.
“Às vezes, damos por nós a lutar apenas por campos e por casas, coisas e loisas de três dimensões”, alertou o prelado.
Na homilia enviada à Agência ECCLESIA pelo Departamento das Comunicações Sociais de Lamego, o prelado explicou que a figura que “enche” o primeiro dia do ano, “e que motiva a alegria”, é a figura de Maria: “Na sua fisionomia mais alta, a de Mãe de Deus, como foi solenemente proclamada no Concílio de Éfeso, em 431”, contextualizou.
“A primeira página do ano é toda tua, comentou D. António Couto que destaca que do Evangelho do “Dia de Maria”, de São Lucas (2,16-21), a palavra guardar que “implica carinho atenção”.
Na catedral de Lamego, o bispo diocesano revelou que ao espanto e maravilha que se “exprimem no louvor e no canto” existem também o espanto e a maravilha que “se exprimem no silêncio e na escuta” de Maria.
Neste contexto, pediu o “essencial”, a “simplicidade e alegria” de Maria e “calor da mão” da mãe de Jesus no “rosto frio, insensível, enrugado” para que todos possam “correr, com alegria, ao encontro dos pobres e necessitados”.
“Somos tão modernos e tão cheios de coisas estes teus filhos de hoje! Tão cheios de coisas e tão vazios de nós mesmos e de humanidade e divindade”, assinalou.
CB