Resposta aos resultados de estudo sócio religioso passa por promover «experiências espirituais de qualidade e intensidade»
Lamego, 22 nov 2011 (Ecclesia) – O novo bispo de Lamego, D. António Couto, vai encontrar um território que está a perder a identidade cristã, especialmente no domínio da família, considera o coordenador de um estudo sócio religioso realizado pela diocese lamecense.
As conclusões da investigação, que também incidiu sobre o perfil do clero, apontam para um “processo de grande desertificação e, associado a ele, a descristianização”, pelo que as “as referências cristãs estão a diluir-se com um grau acentuado”, relatou este domingo o padre José Melo à ECCLESIA.
O diretor do Secretariado da Educação Cristã local sublinhou que os efeitos do desaparecimento gradual do catolicismo têm “incidência especial na família”, que além de “desestruturada” adquire “novas configurações um tanto alheias à índole cristã”.
Para inverter esta tendência o sacerdote considera urgente que os fiéis tomem “consciência da identidade cristã”, no que constitui um “desafio à sua coerência e autenticidade”.
“É preciso que as pessoas tomem consciência da realidade existente e intuam que desta forma não se vai a lado nenhum, no sentido de conseguir uma família e sociedade feliz, dentro de uma existência com sentido”, vincou.
O professor do Instituto Superior de Teologia de Viseu frisou também que é necessário um novo posicionamento dos fiéis face às estruturas eclesiais: “Há uma distância psicológica em relação à Igreja”, mesmo da parte “dos próprios praticantes”.
Por isso é “fundamental promover experiências espirituais de qualidade e intensidade”, nomeadamente através de “pequenos grupos”, realçou o responsável, em declarações prestadas durante as celebrações do Dia da Igreja Diocesana.
Bento XVI nomeou este sábado D. António Couto novo bispo de Lamego, substituindo no cargo D. Jacinto Botelho, que apresentou a sua renúncia ao Papa depois de em 2010 ter completado 75 anos, o limite de idade imposto pelo Direito Canónico.
Referindo-se ao novo prelado que toma posse a 29 de janeiro, o padre José Melo afirmou ter a “certeza” de que “vai ser um bom contributo e um apoio para a dinamização que a diocese precisa”.
“Além da capacidade intelectual e densidade espiritual” de D. António Couto, até agora um dos bispos auxiliares de Braga, o sacerdote espera dele a “proximidade com todos, o diálogo e o sentido de pastor”.
PTE/RJM