Lamego: Negócios de milhões são «afronta» à pobreza, diz bispo diocesano

D. Jacinto Botelho lamenta clima de «extravagância e de escandaloso consumismo» num momento de crise

Lamego, Viseu, 24 jun 2011 (Ecclesia) – O bispo de Lamego lamentou esta quinta-feira o que classificou como clima de “extravagância e de escandaloso consumismo”, num momento de crise.

“Deveria haver mais contenção, ao menos discrição, nos negócios de milhões de que temos vindo a ouvir falar, quase uma afronta à pobreza, quando tantos irmãos vegetam na penúria extrema da qual não conseguem libertar-se”, disse D. Jacinto Botelho.

Na homilia  da celebração do Corpo de Deus, na catedral diocesana, o prelado aludiu a “inúmeras as dificuldades experimentadas pelo homem”, para muitos mesmo “dramaticamente gravosas”.

“O homem deixou-se materializar, tornou-se escravo do dinheiro, da técnica, escravo do ídolo do progresso, que lhe proporciona indiscutíveis satisfações e bem-estar, mas que também frequentemente pode deixá-lo com a sensação terrível da frustração”, alertou.

D. Jacinto Botelho afirmou que “para o seu crescimento harmónico, importa que o homem não sinta apenas a fome do pão material”.

“É necessária, e é uma graça, a fome de Deus: a fome de todos os valores que ultrapassam o egoísmo; a fome da verdade, da justiça, da paz, da fraternidade, do amor”, indicou.

O bispo de Lamego falou da comunhão “em Cristo com os irmãos” e do “amor do próximo, comprovado pelas atitudes de serviço voluntário, pelos gestos generosos de partilha e pela capacidade incondicional de reconciliação”.

“Reunimo-nos para anunciar ao mundo este amor, pelo testemunho da nossa vida, traduzido em gestos de acolhimento, solidariedade e perdão, consequentes à nossa participação consciente na Eucaristia, e à nossa comunhão sacramental”, indicou o prelado, na sua homilia.

A solenidade do Santíssimo Corpo e Sangue de Cristo, conhecida popularmente como “Corpo de Deus”, começou a ser celebrada há mais de sete séculos e meio, em 1246, na cidade de Liège, na atual Bélgica, tendo sido alargada à Igreja latina pelo Papa Urbano IV através da bula “Transiturus”, em 1264.

OC

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