Padre José Ramos apresenta monumento, ornamentado com talha dourada e painéis de azulejos que retratam vida de São João Batista, patrono do mosteiro

São João de Tarouca, 05 ago 2025 (Ecclesia) – O Mosteiro de São João de Tarouca, na Diocese de Lamego, é o primeiro da Ordem de Cister construído em Portugal e a sua fundação relaciona-se com o primeiro rei português, explica o padre José Ramos.
“Quando Afonso Henriques começou a querer fundar Portugal, a querer a independência, pediu aos monges cistercienses de Claraval que viessem até Portugal para ajudarem a dar ânimo aos soldados nas lutas e nas batalhas e que os recompensaria por isso mesmo. E foi assim que nasceu este mosteiro”, afirmou o pároco de São João de Tarouca.
A construção da igreja iniciou-se em 1152 e terminou em 1169, tendo ao longo dos anos sofrido várias alterações, caracterizando-se pelo estilo gótico e renascentista.
Em entrevista ao Programa ECCLESIA, transmitido hoje na RTP2 (15H00), o padre José Ramos lembra que “ao contrário do que muitos pensam, São Bernardo não foi o fundador da Ordem” de Cister, mas o reformador, promovendo uma vida mais simples, “sem luxos”.
“Quiseram voltar novamente às origens de São Bento [fundador da Ordem Beneditina e o criador da Regra de São Bento], então deram este ar de quem vivia na sua nobreza interior, mas sem luxos”, indica.
No Vale do Varosa, onde se encontra o Mosteiro de São João de Tarouca, o sacerdote explica que os monges brancos encontraram um lugar que seguia o lema de São Bento “Ora et labora” (orar e trabalhar).
“Era um vale fértil, onde eles podiam trabalhar muito a agricultura e muito a hidráulica, que eles eram muito virados para a hidráulica. E também, como era um lugar sossegado, sem nada em volta, envolvido só pelos montes, eles aqui tinham também um lugar propício à oração. Um lugar de silêncio”, refere.
No interior do Mosteiro de São João de Tarouca é possível ver altares de em talha dourada, incluindo dois quadros, um de São Pedro e outro de São Miguel, além de um cadeiral, de pau santo do Brasil, ornamentado “por figuras de importantes” como “abades cistercienses” ou “cistercienses que vieram a ser bispos e também papas”, descreve o pároco.
É nesta Igreja que se encontra o túmulo do conde de Barcelos, D. Pedro Afonso, filho bastardo de D. Dinis que, observa o padre José Ramos, pesa 13 toneladas, sendo o maior da Península Ibérica e da Europa em granito.
O Mosteiro de São de Tarouca apresenta também painéis de azulejos do século XVII, que retratam a parte primitiva, e do XVIII, que mostram a vida de São João Batista, “porque este mosteiro é o único mosteiro da Ordem de Cister que não tem como patrono Nossa Senhora”, contextualiza o sacerdote.
“Segundo as lendas dizem foi São João Batista que apareceu a São Bernardo em sonhos, em Claraval, e que lhe pediu para mandar monges para Portugal para fazerem aqui construção de mosteiros. E então, como foi São João Batista que terá aparecido, ele quis dedicar este seu primeiro mosteiro em Portugal a este Santo, a São João Batista”, destaca.
Antes, Mosteiro de São João de Tarouca continha relíquias de santos, mas com a extinção das ordens religiosas, os monges retiraram-nas para que não fossem profanadas.
“Neste momento todas elas se encontram vazias porque eles as levaram”, assinala o pároco.
O padre José Ramos dá conta que o Mosteiro recebe muitos turistas de “muitas nacionalidades”, tendo já sido visitado pela santa Teresa de Calcutá.
O Programa Ecclesia, na RTP2, em cada terça-feira deste mês de agosto, e até dia 2 de setembro, está a divulgar destinos que são propostas para visitar durante este tempo de férias. |
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