Desertificação da diocese «é uma realidade a que não se pode fugir», considera D. António Couto
Lisboa, 03 dez 2011 (Ecclesia) – O novo bispo de Lamego, D. António Couto, estabeleceu como prioridades o anúncio da mensagem cristã e a auscultação da população, antes de definir os projetos para uma diocese com cada vez menos pessoas.
“A grande missão de um bispo, do seu presbitério e de todo o povo de Deus que lhe está confiado, seja em que região, língua ou cultura for, terá de ser sempre levar Jesus Cristo ao coração das pessoas. E é isso que eu pretendo”, vincou o responsável em entrevista ao programa ECCLESIA na RTP-2.
O prelado que a 29 de janeiro toma posse da diocese lamecense, no norte de Portugal, sublinha que a “grande maioria” dos europeus foi batizada mas em termos “de coração cristão” o Velho Continente tem “pouca gente”.
“Que não se seja só cristão porque um dia se foi batizado e está registado nos livros, mas que se seja cristão com a vida. É este o cristianismo que nos interessa”, frisou o também presidente da Comissão Episcopal da Missão e Nova Evangelização.
O bispo que já foi superior dos Missionários da Boa Nova vai encontrar um território que está a perder a identidade cristã, especialmente no domínio da família, segundo o padre José Melo, coordenador de um estudo sócio religioso realizado pela diocese.
As conclusões da investigação apontam para um “processo de grande desertificação e, associado a ele, a descristianização”, pelo que as “as referências cristãs estão a diluir-se com um grau acentuado”, relatou à ECCLESIA.
O sacerdote explicou que os efeitos do desaparecimento gradual do catolicismo têm “incidência especial na família”, que além de “desestruturada” adquire “novas configurações um tanto alheias à índole cristã”.
D. António Couto considerou que a desertificação da diocese é uma “realidade a que não se pode fugir” e salientou que a sua “primeira linha de rumo” em qualquer lado é “ir ter com as pessoas” e “ver quais são os seus problemas”.
Só depois avançará com projetos para “avivar o cristianismo”, em conjunto com os fiéis, dado que não gosta de “trabalhar sozinho”.
PTE/RJM