Anterior bispo e atual administrador apostólico, D. Jacinto Botelho, deu prioridade ao acompanhamento dos padres
Lamego, Viseu, 28 jan 2012 (Ecclesia) – A Diocese de Lamego, que este domingo recebe um novo bispo, perdeu habitantes na última década e viu fechar institutos religiosos, mas assiste ao aumento do número de instituições de apoio social.
A comparação dos dados dos Censos de 2001 e 2011 permite concluir que a população baixou mais de 10%, refere o diretor do Centro de Estudos Sócio-Pastorais da diocese em texto publicado na mais recente edição do Semanário Agência ECCLESIA.
A diocese nascida há mais de 1400 anos, e a única em Portugal que não coincide com a sede de distrito, tem atualmente 152 paróquias com menos de 500 recenseados, e há 12 que não chegam à centena, assinala o padre Paulo Alves.
“A desertificação acentua-se, com a baixa da natalidade e outras causas”, disse à ECCLESIA o anterior bispo de Lamego e atual administrador apostólico, D. Jacinto Botelho, que fala de uma região “muito dispersa”, 400 km a norte de Lisboa.
A diminuição dos nascimentos, associada ao encerramento da única maternidade existente na diocese, no Hospital de Lamego, tem implicações na prática católica, a começar pelo decréscimo em 50% dos batismos desde 1980 até ao presente, salienta o estudo.
Na última década verificou-se que em cerca de 40% das 223 paróquias houve uma média igual ou inferior a dois casamentos católicos por ano, enquanto que em 32% das comunidades a média ficou abaixo dos cinco matrimónios, aponta a investigação.
Este contexto avoluma “as dificuldades que emergem da falta de população nas comunidades paroquiais, ao mesmo tempo que proporciona oportunidades mais favoráveis à ação pastoral centrada na pessoa”, observa o padre Paulo Alves.
O artigo indica que se acentuou a tendência para o encerramento de alguns dos institutos religiosos masculinos e femininos presentes na diocese devido à falta de vocações para a vida consagrada, a par da emergência de novos territórios para a evangelização.
Numa diocese dominada pela agricultura e vitivinicultura, regista-se o incremento das instituições de ação sociocaritativa sediadas nas paróquias, cerca de 40, que se assumem “como novos polos de dinamismo eclesial”, salienta o sacerdote.
O novo bispo de Lamego, D. António Couto, que toma posse no domingo, vai encontrar uma participação na missa dominical “bastante significativa”, o mesmo acontecendo com a mobilização para as celebrações litúrgicas anuais e solenidades ligadas a centros de espiritualidade mariana e de piedade mais popular, acrescenta o texto.
Num universo de 149 sacerdotes vinculados à diocese, 110 são párocos, dos quais cerca de 38% têm até 45 anos, enquanto que 35% estão na faixa etária dos 46 aos 65 anos, nota o artigo.
D. Jacinto Botelho ordenou 29 padres diocesanos entre 2000 e 2012, enquanto bispo de Lamego: “Em comparação com dioceses com outra população, fomos uma diocese com esta graça extraordinária”, afirmou.
O prelado deu “prioridade” à “proximidade” com os sacerdotes: “A necessidade que temos de contactar com o laicado será tanto mais visível quanto maior for a proximidade com o clero”.
O responsável está convicto de que as ordenações vão ser insuficiente para as necessidades: “Chegará o tempo em que não teremos sacerdotes para celebrar a missa todos os domingos em todas as comunidades paroquiais”.
PTE/OC/RJM