Conselhos pastorais interparoquias, participação dos leigos em homilias, maior proximidade de D. António Couto às comunidades locais são alguns caminhos identificados que assembleias diocesanas procuraram «materializar»
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Lamego, 12 jul 2024 (Ecclesia) – O padre Diamantino Duarte, que integrou a equipa sinodal na Diocese de Lamego, indicou à Agência ECCLESIA a necessidade de uma reorganização “interparoquial” que fomente a atividades dos conselhos pastorais e se abre a pessoas novas.
“Os conselhos pastorais são uma situação contemplada desde há muito, mas que nós não tínhamos na diocese esse hábito. Há a necessidade de os criar, a nível paroquial ou a nível interparoquial perante o crescente despovoamento da diocese”, indica.
O responsável, também pároco em comunidades de Moimenta da Beira, Sendim e Cabaços, adianta que a participação nestas estruturas não tem de estar limitada aos responsáveis de movimentos e grupos, e indica que na sua realidade paroquial tem “aberto a porta” a quem chega de novo.
“O conselho pastoral, para mim, não tem que ser uma estrutura fixa, mas ser representativo da realidade pastoral paroquial, que é isso que prevê os estatutos. Eu tenho feito essa experiência: às vezes quebro essa regra e deixo ir às reuniões de conselho pastoral todos aqueles que entendo que não fazem parte das estruturas. Não faço assembleias, não é disso que se trata, mas deixo entrar ao conselho pastoral paroquial pessoas que não estão afetas a nenhuma estrutura. Ou seja, vai também gente em queda livre”, indica.
O processo sinodal que o Papa Francisco desencadeou em 2021 para tornar a Igreja “mais comunhão, mais participação, mais missão” foi recebido na diocese de lamego com “entusiasmo”, “expetativa” e contou com uma “participação significativa” para uma realidade “em crescente despovoamento”.
“Aqueles que estavam mais diretamente envolvidos na igreja e comprometidos com as realidades pastorais, paroquiais, arciprestais e diocesanas, foram os que estranham um bocadinho mais porque estavam habituados e formatados num outro registro. Os outros, efetivamente, saem uma vez mais muito satisfeitos, muito acalentados, muito reconhecidos, muito animados pelo Papa Francisco usar este método e dar-lhes esta oportunidade inédita de se manifestarem e de serem também protagonistas”, regista.
A Diocese de Lamego quer avançar com mudanças e, indica o padre Diamantino, não aguarda pela conclusão da II Sessão da assembleia do Sínodo dos Bispos, agendada para outubro, no Vaticano.
O relatório diocesano, tornado público no sítio da internet da diocese de Lamego, pede que a linguagem seja uma ferramenta de aproximação, prevendo “a título esporádico” a participação laical nas homilias; pede também que o bispo diocesano, D. António Couto, se aproxime mais das comunidades, para lá das “visitas pastorais”.
“Este ano fizemos a apresentação da carta pastoral que o D. António Couto escreve no início de cada ano pastoral em vários pontos da diocese – se em anos anteriores era feita a apresentação apenas num dia e local, este ano decidimos andar pela Diocese fora. Naturalmente que exigiu mais esforço ao D. António Couto, que teve que apresentar a mesma carta uma quantidade de vezes, mas a verdade é que conseguimos alcançar quatro ou cinco vezes mais pessoas do que tínhamos conseguido nos anos anteriores”, reconhece.
A diocese organizou ainda, entre fevereiro e junho, assembleias sinodais para “estreitar estratégias, pormenorizar métodos, definir objetivos concretos e encontrar práticas exequíveis para tornar o caminho sinodal uma proposta materializável”.
O padre Diamantino Duarte afirma ainda que o processo sinodal ma Igreja é um “caminho sem retrocesso” onde “não é possível inverter a marcha”.
“É um caminho que se faz com olhos postos no futuro e os pés muito assentes no presente, sabendo que não há volta a dar para retroceder no que quer que seja”, finaliza.
A conversa com o padre Diamantino Duarte sobre o processo sinodal na Diocese de Lamego vai estar no centro do programa ECCLESIA, na Antena 1, no sábado de manhã, pelas 06h00.
LS