Pessoas esperam ser «visitadas e ouvidas» nas comemorações do 10 de junho, alerta D. António Couto
Lisboa, 14 abr 2015 (Ecclesia) – O bispo Lamego considera que presença da Igreja tem de ser “muito mais dinâmica e intensa” especialmente numa diocese afetada pela migração, com uma “população extremamente idosa” que precisa que o hospital seja um serviço de proximidade.
“A dignidade das pessoas não está salvaguardada. Em termos de saúde, numa população extremamente idosa, são precisos muitos mais cuidados, mais atenção e sobretudo muito mais travessia ou seja, passar por lá, ver as pessoas, as situações em que vivem”, explica D. António Couto, no contexto das suas visitas pastorais e acompanhamento à população.
À Agência ECCLESIA, o bispo diocesano que em 2015 já visitou as duas maiores paróquias de Lamego, que dividem entre si a esta cidade sob o mote ‘Lamego leva 15 dias a atravessar’ acentua o alerta na temática da saúde e pede que o hospital local seja de “proximidade”.
“Tem necessidades imperiosas para poder servir em condições a população idosa porque não pode receber as pessoas a despachá-las para Vila Real ou mais longe. Estará a acontecer por falta de meios humanos, também meios técnicos, porque está previsto que as pessoas recebem guia de marcha para o hospital”, denuncia D. António Couto.
Esta realidade, considera o entrevistado, pode “render alguma coisa” aos cofres do Estado, mas “esvazia completamente” as finanças das pessoas, até porque nem todas as pessoas têm carro próprio e não existe uma rede de transportes adequada.
“Visitei o hospital e pedem mais médicos, mais máquinas, para servir melhor as pessoas”, acrescentou.
Para o prelado o “envelhecimento radical” talvez seja uma dificuldade maior do que o “problema agudo” da desertificação que origina uma baixa natalidade porque “as famílias em idade fértil” migraram e há poucos casamentos.
“Perdemos gente válida, quase 30 mil em 15 anos”, alerta o prelado, com base nas estatísticas e no “estuário” de pessoas para o estrangeiro e para as “grandes cidades do litoral”.
Segundo D. António Couto ir ao encontro das pessoas “mais idosas” é um “tom imperioso” que se impõe a todo o cristão, por isso afirma que não tem o direito de “fechar as paróquias”.
“Não nos podemos desvincular das pessoas. Enquanto pudermos fazemos celebrações dominicais em todas, quando não pudermos faremos celebrações da palavra”, desenvolve o bispo que tem “bastantes sacerdotes” – 119 -, necessários para o serviço da Diocese de Lamego, com 223 paróquias.
O prelado biblista conta que nas visitas pastorais é preciso ver “rosto das pessoas”, ouvir os seus problemas, o que pedem à Igreja mas também a sua alegria, e como o Evangelho “penetra” ou não nas suas vidas.
D. António Couto assinala também que as instituições em Lamego “estão perfeitamente irmanadas com a Igreja”, havendo uma “excelente relação” com as áreas políticas; humanitárias; sociais; escolas e hospital.
Os lamecenses vão receber pela primeira vez as Comemorações do Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas, no próximo dia 10 de junho.
“As pessoas têm de ser visitadas com carinho e ouvidas porque ai ficamos a saber o que é a realidade. Mais do que algum belo discurso interessará que as pessoas se aproximem umas das outras e vejam o que as pessoas precisam na realidade”, considerou o responsável religioso.
“Acho que é disso que Lamego está à espera”, afirma D. António Couto, que tomou posse desta diocese do interior de Portugal a 29 de janeiro de 2012.
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