Lamego: Bispo explica que «óleo da alegria» destina-se «com abundância» aos pobres

Sacerdotes não podem ser «simples animadores ou monitores», disse D. António Couto

Lamego, 25 mar 2016 (Ecclesia) – O bispo de Lamego assinalou que a “unção e missão” dos sacerdotes, “torrente de Deus e que envolve, por graça, mãos, entranhas e coração”, leva-os a “anunciar o Evangelho aos pobres”, esta quinta-feira, na homilia na Missa Crismal.

“[Pobres] São aqueles que se sentem tão batidos e abatidos pelas desilusões da vida, que já não têm mais coração para tentar de novo; são aqueles que se sentem tão presos e incapacitados, que consideram a libertação e a liberdade uma miragem cruel; são aqueles que pensam que Deus se esqueceu deles, e que nunca mais terão um dia de alegria; são aqueles que pensam que a sua vida já não vale mais do que saco e cinza e lágrimas, e que por companhia têm o duro farnel do desespero”, exemplificou D. António Couto.

Na homilia na Missa Crismal, enviada hoje à Agência ECCLESIA, o prelado disse aos “irmãos no sacerdócio” que esses pobres devem ser carregados “aos ombros e no coração” porque vivem num “mundo hostil ou apenas indiferente ou enlatado, a esvaziar-se de sentido”.

“São estas crianças que ainda sonham, estes jovens desiludidos, estes casais preocupados, estas famílias desconstruídas, estes idosos tantas vezes sós, que devemos transportar sobre as nossas vestes sacerdotais”, sublinhou sobre irmãos e irmãs concretos a quem se devem «super-entregar».

O bispo de Lamego alertou que a “vida bela” que têm não pode ser “vivida assim-assim, de qualquer maneira, ou de uma maneira qualquer”.

Neste contexto, o prelado disse aos sacerdotes que nas atividades pastorais devem ter “sempre a noção clara” de que não são e não podem ser “simples animadores ou monitores” mas “transparência fiel da presença viva e operante do próprio Senhor no meio da comunidade”.

Na Missa do Crisma os sacerdotes renovam as promessas feitas no momento da ordenação; são abençoados o óleo dos enfermos, o óleo dos catecúmenos e do crisma.

“Para nos ungir com o seu óleo perfumado, Deus aproxima-se tanto de nós, que toca em nós com a sua mão carinhosa! Exatamente como fazemos nós, ou como Deus faz por nós, quando ungimos com o óleo do crisma os recém-batizados, os crismados, os sacerdotes, os bispos, o corpo da igreja e os altares no dia da sua dedicação”, desenvolveu.

O prelado destaca que a releitura, “por excelência”, do Livro da Sabedoria diz admiravelmente que «sobre as vestes sacerdotais é transportado o mundo inteiro» (18,24) onde se pode “ver bem” a missão do sacerdote.

“Vê-se igualmente bem que se trata de um povo todo ungido, todo sacerdotal e aromático. Portanto, todo empenhado no serviço da evangelização, de modo a mudar verdadeiramente a vida e a vivência eclesial como sonhou São João Paulo II (Redemptoris missio, n.º 2)”, acrescentou.

Na homilia intitulada o ‘óleo da alegria que devemos derramar com abundância’, D. António Couto apelou a que no Ano Jubilar da Misericórdia não deixem “Deus por mãos alheias e coração alheio”: “Empenhemo-nos no anúncio do Evangelho.”

Ao povo Santo de Deus, o bispo de Lamego sublinhou ainda que a sua “bela e funda identidade” está em ser “povo batizado, crismado, cristificado”, ou seja, “encharcado em Cristo, de Cristo”.

CB

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