O arcebispo de Toledo e Primaz da Espanha, Antonio Cañizares, saiu ao encontro da “bateria de ataques” que a Igreja tem sofrido desde a publicação do Directório de Pastoral Familiar, advertindo sobre o perigo de um “laicismo ideológico” que, segundo o prelado, viola a liberdade religiosa e procura impedir que a Igreja torne públicas suas crenças. Numa carta pastoral intitulada “Laicismo e liberdade religiosa”, o arcebispo denuncia que “é abusivo pretender que a Igreja cale as suas crenças ou os seus valores morais próprios, perante realidades humanas ou sociais que pedem iluminação e orientação”. O Primaz espanhol afirma a existência de uma tendência que gostaria de ‘privatizar’ cada vez mais as Igrejas e transformar a liberdade de religião “numa espécie de tolerância asséptica”. “Argumenta-se – diz D. Cañizares – que cada um é livre de haver o que quiser e, por conseguinte, pode aderir-se a uma fé, professar determinadas confissões religiosas, mas o importante é que isto não tenha repercussões nos espaços públicos, nos comportamentos sociais, políticos, culturais”. A polémica em torno das posições do episcopado, no novo directório, tem sido muito grande, com os partidos de esquerda a classificá-las de “reaccionárias”. Os bispos assinalam que a “desintegração da família” é a raiz dos males da sociedade e que a “revolução sexual” trouxe como frutos “a violência doméstica, os abusos sexuais, o divórcio e os filhos sem lar”. Para o PSOE, as teses da Igreja Católica na Espanha são “irritantes, fora de tom e reaccionárias”, opinião partilhada pelos movimentos homossexuais. Os bispos, de facto, denunciaram a pressão dos grupos homossexuais, “que reclamam como privilégio alguns direitos de poucos, corroendo elementos muito significativos de construção da sociedade que atingem a todos”. O documento, aprovado na Assembleia Plenária do Episcopado Espanhol, em Novembro passado, foi apresentado no passado dia 2 de Fevereiro pelo Bispo de Segorbe-Castellón e presidente da comissão da Família da CEE, João Antonio Reig.
