Afirmou o historiador António Matos Ferreira na Semana Social que debate «A construção do Bem Comum».
Os católicos disponibilizaram-se a lidar com uma realidade – a laicidade – “encarada como suspeita e genericamente tomada como contrária e antagónica à religião e, em particular como afrontamento para com a Igreja Católica” – referiu António Matos Ferreira, professor da Universidade Católica Portuguesa, na Semana Social de 2009.
Na conferência – subordinada ao tema «Caminhos para uma laicidade esclarecida, aberta e propositiva na sociedade plural» – o historiador sublinha que “há umas décadas os temas da laicidade e da pluralidade cheirava a esturro”.
A Semana Social 2009 tem como tema central «A construção do Bem Comum – Responsabilidade da Pessoa, da Igreja e do Estado» teve o seu início a 20 deste mês e decorre até 22 (Domingo). Uma iniciativa que conta com mais de 400 participantes e é organizada pela Comissão Episcopal da Pastoral Social.
Como historiador, António Matos Ferreira inscreve-se na necessidade da interrogação crítica. Do ponto de vista histórico, a laicidade é uma “noção complicada” porque “não é estática” – disse. Inscreve-se num processo “vasto que é o da secularização”. Esta não é o “desaparecimento da religião”, mas “a sua deslocação”.
A laicidade envolve questões de pertença, liberdade em afirmar socialmente a autonomia da experiência vivida ao nível individual e comunitária. “A laicidade corresponde a uma dinâmica social onde a religião, enquanto geradora de valores e de sentido, se encontra em concorrência com outras fontes de significação, disputando a sua pertinência social” – disse aos participantes.
Na contemporaneidade, a laicidade ocorre numa sociedade efectivamente pós-cristã. Apesar destes factos, “não se julgue que todos os outros que querem coisas diferentes de nós e da Igreja Católica são «agentes do mal», «ignorantes» ou «desprezíveis», pois é com todos eles que somos chamados a conviver e a dialogar” – sublinha António Matos Ferreira. E aconselha: “a corresponsabilidade de todos começa por todos se ouvirem e serem capazes de dar valor ao que é dito”.
Na conclusão da sua conferência, o professor da UCP refere que “a laicidade não é redutível ao exterior da comunidade cristã, joga-se constantemente no seu interior”.