Jubileu/Redes Sociais: «Não estamos a vender um produto» – padre Paulo Duarte

Religioso jesuíta integrou grupo de missionários digitais e influenciadores católicos que viveram evento inédito do Ano Santo

Foto: Agência ECCLESIA/CB

Carlos Borges, enviado da Agência ECCLESIA ao Vaticano

Cidade do Vaticano, 29 jul 2025 (Ecclesia) – O padre Paulo Duarte, um dos mais de mil participantes no Jubileu dos Missionários Digitais e Influenciadores Católicos, que se encerrou hoje no Vaticano, assumiu a necessidade de construir comunidade com esta presença.

“Não estamos a vender um produto, estamos no fundo a tentar apresentar alguém, Jesus Cristo, a comunidade que é a própria Igreja,”, disse à Agência ECCLESIA o religioso jesuíta, adjunto do diretor da Rede Mundial de Oração do Papa em Portugal.

O inédito encontro, no contexto de um Ano Santo, reuniu participantes de mais de 56 países, recebidos esta manhã por Leão XIV.

Seguindo a intervenção do Papa, o padre Paulo Duarte assumiu a necessidade de “fazer rede de redes, comunidade”.

O religioso indica que a convocação de um jubileu dos missionários digitais serve para recordar que “isto também é Igreja”.

“Nós somos Igreja e é importante pensar também que estamos na Igreja”, acrescenta.

O participante neste Jubileu espera que, desta experiência, surja o desejo de promover “o encontro tu a tu, a nível pessoal”.

“Podemos chegar a muitas pessoas, mas são pessoas concretas, pessoas que me escrevem com problemas concretos e que têm desejo, no fundo, desta ajuda mais pessoal”, precisa.

Para o padre Paulo Duarte, é importante que a missão digital seja capaz de “fazer a ponte com a comunidade”, a nível local, para que cada pessoa consiga encontrar “um grupo para participar, enquanto Igreja, enquanto comunidade”.

Assumindo que o mundo digital é “muito rápido”, o sacerdote jesuíta aponta a necessidade de educar para “viver a esperança, viver o sentido da fé, que também precisa de tempo, precisa de silêncio”.

“Podemos ajudar a construir relações, porque a rede, de algum modo, abre relações”, insiste.

O religioso assume que evita ser um “um promotor de polémicas”, na sua presença online, procurando ser “um facilitador, alguém que contribui para, no fundo, que as pessoas possam encontrar espaços de paz, de serenidade e de silêncio”.

Foto: Agência ECCLESIA/CB

No Vaticano esteve o brasileiro Moisés Sbardelloto jornalista e professor da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC Minas), que coordena o Grupo de Reflexão sobre Comunicação da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (Grecom/CNBB),

“A importância do encontro é muito grande. Eu acho que é um reconhecimento, por parte da Igreja, de um fenómeno que está na cultura hoje, que são justamente os influencers, os influenciadores que atuam nesses espaços digitais”, disse à Agência ECCLESIA.

O docente universitário entende que, com este evento jubilar, a Igreja “reconhece a atuação desses homens, dessas mulheres, desses jovens e confere também um mandato para que sejam missionários nesses ambientes digitais”.

Admitindo que qualquer influenciador atua no “mercado da comunicação”, com as suas lógicas próprios, Moisés Sbardelloto sustenta que “um missionário digital que é enviado pela Igreja não pode ser apenas um agente desse mercado, ele precisa de fazer outra coisa, fundamentalmente, de comunicar a Boa Nova, comunicar o Evangelho”.

Autor de um livro intitulado ‘Missionários no Ambiente Digital, em nome de quem?’, o especialista considera que “o testemunho, a coerência, a autenticidade são valores fundamentais para qualquer cristão, para qualquer cristã que queira estar atuando nas redes”.

“Não estamos ali simplesmente para produzir um conteúdo a mais, para vender uma marca, para anunciar uma instituição, muito menos para falar de nós mesmos como indivíduos”, adverte.

CB/OC

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