«É a esperança que nos permite sentir e ver os outros, não como inimigos ou ameaças, mas como membros e parte de nós» – D. Rui Valério
Lisboa, 29 dez 2024 (Ecclesia) – O patriarca de Lisboa presidiu hoje à abertura do Jubileu na diocese, alertando para o “retrocesso civilizacional” provocado pela violência e apelando à valorização da esperança, tema proposta pelo Papa para este Ano Santo.
“Caros irmãos, hoje as guerras que deflagram pelo mundo não só estão a dizimar inocentes sem cessar, nem apenas a produzir pobreza e pobres, a destruir o presente, mas também o passado e, mais grave, a destruir o futuro, mas, mais grave ainda, com o desprezo manifesto pela dignidade e pela vida humana constitui um retrocesso civilizacional”, referiu D. Rui Valério, na homilia da Missa a que presidiu na Sé de Lisboa, após uma procissão iniciada junto à igreja de São Domingos.
“É a esperança que nos permite sentir e ver os outros, não como inimigos ou ameaças, mas como membros e parte de nós”, acrescentou.
O percurso foi acompanhado por milhares de pessoas, ao longo das ruas de Lisboa e no exterior da Sé.
D. Rui Valério destacou o facto, falando no “sinal por excelência da esperança de uma Igreja de Lisboa iluminada e animada pela esperança”.
“Neste dia inaugural do ano jubilar, nós não coubemos na Sé Patriarcal. É um sinal de esperança”, referiu, desejando que “seja assim ao longo deste ano”.
A reflexão evocou a celebração da festa da Sagrada Família, que integra o tempo do Natal no calendário católico, este domingo, ligando a vida familiar ao tema da esperança.
“A família surge como uma realidade em que a celebração da memória faz nascer e renascer a esperança”, observou D. Rui Valério.
A homilia recordou a passagem do Evangelho na qual se narra que Jesus, com doze anos de idade, no final da sua peregrinação anual a Jerusalém, foi perdido por Maria e José, que o encontraram mais tarde no Templo.
“O simples gesto de ir em busca de algo, ou de alguém, tem em si mesmo a presença da esperança”, sustentou o patriarca de Lisboa.
Na família, como na sociedade, a melhor forma de cultivarmos a relação com alguém, é de estar permanentemente à sua procura. Mesmo que esteja junto de nós, é preciso disponibilidade para entrar no mundo interior do outro, tantas vezes inacessível e cheio de labirintos existenciais e morais”.
Uma delegação de famílias de cada Vigararia (conjunto de paroquias) recebeu um símbolo do Jubileu, para os santuários diocesanos que, ao longo das próximas duas semanas, vão receber celebrações para assinalar o começo do Ano Santo.
Na Missa da Noite do Natal, o Papa assinalou, com a abertura da Porta Santa da Basílica de São Pedro, o início do 27.º Jubileu ordinário da Igreja Católica, dedicado ao tema da esperança.
A 26 de dezembro, Francisco abriu uma Porta Santa na prisão de Rebibbia, em Roma, num gesto inédito na história dos jubileus.
As dioceses católicas de Portugal assinalam hoje, em todas as catedrais, o início do Jubileu 2025, centrado na temática da esperança, conforme estipulado pelo Papa.
Na bula ‘Spes non confundit’ (A esperança não desilude), Francisco determinou que, no dia 29 de dezembro de 2024, os bispos diocesanos celebrem a Missa como abertura solene do ano jubilar, segundo o ritual preparado para esta celebração.
OC