Francisco presidiu ao Jubileu dos serviços centrais da Santa Sé e do Estado do Vaticano, a quem pediu que sejam «modelo» para a Igreja
Cidade do Vaticano, 22 fev 2016 (Ecclesia) – O Papa Francisco desafiou hoje os membros da Cúria Romana, das instituições ligadas à Santa Sé e ao Estado do Vaticano a ser "comunidade de serviço" e a rejeitar as "tentações".
“Deixemos que o Senhor nos livre de qualquer tentação que nos afaste do essencial da nossa missão e redescubramos a beleza de professar a fé no Senhor Jesus”, disse Francisco, na Basílica de São Pedro.
Na homilia, assinalou que estes responsáveis são chamados a ser os “colaboradores de Deus” numa tarefa “tão fundamental e única” como a de testemunhar com a própria existência a “força da graça que transforma e o poder do Espírito que renova”.
“A fidelidade ao ministério conjuga-se bem com a misericórdia que queremos experimentar. Na Sagrada Escritura, fidelidade e misericórdia são um binómio inseparável”, acrescentou.
Neste contexto, Francisco sublinhou que a fidelidade que é exigida aos pastores da Igreja é a de “agir segundo o coração de Cristo”.
“Como ouvimos nas palavras do Apóstolo Pedro, temos de apascentar o rebanho com ‘espírito generoso’ e tornar-nos um ‘modelo’ para todos”, observou.
Na Eucaristia, do Jubileu da Cúria Romana, do Governatorado e das instituições ligadas à Santa Sé, o Papa desejou que “pensamento e olhar” estejam fixos em Jesus Cristo, “início e fim de qualquer ação da Igreja”.
“Ele é o fundamento e ninguém pode colocar outro diferente. Ele é a ‘pedra’ sobre a qual temos de construir”, frisou, recordando as “palavras expressivas” de Santo Agostinho: «[A Igreja] não se desmorona, porque está fundada sobre a pedra, da qual deriva o nome de Pedro» – “apesar de agitada e sacudida pelas vicissitudes da história”.
«A pedra é Cristo, sobre cujo fundamento também Pedro foi edificado», citou, assinalando que dessa profissão de fé deriva para cada um “a missão de corresponder ao chamamento de Deus”.
“Aos pastores, acima de tudo, é pedido que tenham como modelo o próprio Deus, que toma conta do seu rebanho. O profeta Ezequiel descreveu o modo de agir de Deus: Ele vai à procura da ovelha perdida, reconduz ao redil a que se afastou, trata da ferida e cuida da doente”, desenvolveu.
Segundo Francisco, esse comportamento é sinal do amor que “não conhece limites”, uma “dedicação fiel, constante, incondicional” para que a todos os fracos possam “chegar a Sua misericórdia”.
Neste contexto, considerou que os que são chamados a ser pastores na Igreja devem deixar que o rosto de Deus Bom Pastor “os ilumine, purifique, transforme e devolva totalmente renovados” à sua missão.
“Que, também, nos nossos ambientes pastorais possamos sentir, cultivar e praticar um forte sentido pastoral, sobretudo para com as pessoas que encontramos todos os dias”, incentivou, pedindo que “ninguém” se sinta “descurado ou maltratado”.
“Neste momento, a cada um de nós, o Senhor Jesus repete a pergunta: «Vós, quem dizeis que eu sou?» Uma pergunta clara e direta, diante da qual não é possível fugir ou abster-se, nem adiar a resposta ou delegá-la noutra pessoa”, disse ainda Francisco.
Para o Papa, “não há nada de inquisitório” nesta pergunta que “está cheia de amor”: “O amor do nosso único mestre, que nos chama hoje a renovar a fé nele, reconhecendo-o como Filho de Deus e Senhor da nossa vida”.
O Jubileu da Cúria Romana e das Instituições ligadas à Santa Sé começou às 08h30 locais (menos uma em Lisboa) na Sala Paulo VI, no Vaticano, com uma meditação do padre jesuíta Marko Ivan Rupnik; seguiu-se a procissão do Jubileu, entrando pela Porta Santa na Basílica de São Pedro.
CB/OC