Jubileu: Papa saúda dedicação dos voluntários, sinal de esperança nos «desertos da pobreza e da solidão»

Homilia foi lida na Praça de São Pedro, perante milhares de participantes

Cidade do Vaticano, 09 mar 2025 (Ecclesia) – O Papa saudou hoje dezenas de milhares de voluntários a Roma, que se reuniram na sua celebração jubilar, elogiando a sua dedicação como sinal de esperança nos “desertos da pobreza e da solidão”.

“Nos desertos da pobreza e da solidão, tantos pequenos gestos de serviço gratuito fazem florescer rebentos de uma nova humanidade: aquele jardim que Deus sonhou e continua a sonhar para todos nós”, referiu a homilia, lida na Praça de São Pedro pelo cardeal Michael Czerny, prefeito do Dicastério para o Serviço do Desenvolvimento Humano Integral.

Segundo dados do Vaticano, o Jubileu dos Voluntários, quinto grande evento do Ano Santo, reuniu cerca de 25 mil participantes, vindos de uma centena de países.

“Muito obrigado, caríssimos, porque, a exemplo de Jesus, servis o próximo sem vos servirdes dele. Nas ruas e nas casas, ao lado dos doentes, dos que sofrem, dos presos, com os jovens e os idosos, a vossa dedicação infunde esperança em toda a sociedade”, referiu Francisco, na intervenção enviada para a celebração, recebida com uma salva de palmas pelos presentes.

Depois dos jornalistas, membros de Forças Armadas e de Segurança, artistas e diáconos, os voluntários deram hoje um colorido particular à Praça de São Pedro, depois de neste sábado terem atravessado a Porta Santa, aberta pelo Papa na Basílica do Vaticano na véspera do Natal de 2024, e participado em eventos culturais e celebrações religiosas.

A reflexão preparada por Francisco partiu da passagem do Evangelho São Lucas, lida este domingo nas igrejas de todo o mundo, em que Jesus é conduzido pelo Espírito ao deserto, onde é tentado pelo demónio.

“Quando Jesus entra no deserto, ocorre uma mudança decisiva: o lugar do silêncio torna-se um ambiente de escuta. Uma escuta que é posta à prova, porque é necessário escolher entre duas vozes completamente opostas”, realçou a homilia.

O Papa apresenta o diabo como “aquele que separa, o divisor”, enquanto Jesus é “aquele que une Deus e o homem, o mediador”.

Eis o que o Senhor decide: esta relação única e exclusiva com Deus, de quem é Filho Unigénito, torna-se uma relação que envolve todos, sem excluir ninguém. A relação com o Pai é o dom que Jesus comunica ao mundo para a nossa salvação, e não uma usurpação da qual se pode valer para obter sucesso e atrair seguidores”.

O texto evocou o início do tempo litúrgico da Quaresma, as semanas que precedem a celebração da Páscoa, no calendário católico, afirmando que, nos momentos de maior dificuldade, “Deus aproxima-se ainda mais, dando a sua vida pela redenção do mundo”.

“Satanás pretende convencer-nos de que para os famintos não há pão, muito menos proveniente das pedras, nem na desgraça os anjos vêm em nosso auxílio. Quando muito, o mundo está nas mãos de forças malignas, que esmagam os povos com a arrogância dos seus planos e a violência da guerra”, advertiu Francisco.

Acabando de entrar nos 40 dias de Quaresma, reflitamos sobre a certeza de que também nós somos tentados, mas não estamos sós: connosco está Jesus, que nos abre o caminho através do deserto”.

Francisco está internado desde 14 de fevereiro, tendo sido diagnosticado com uma infeção polimicrobiana das vias respiratórias, que se agravou para uma pneumonia bilateral, num quadro clínico definido como complexo.

Depois da Missa, o Vaticano vai ainda divulgar o texto preparado pelo Papa para a oração do ângelus, à imagem do que aconteceu nos domingos anteriores.

A sala de imprensa da Santa Sé indicou que Francisco vai acompanhar “em comunhão espiritual” os exercícios espirituais de Quaresma, para a Cúria Romana, que vão decorrer, como previsto, entre hoje e o dia 14 de março.

As reflexões vão ser orientadas pelo padre Roberto Pasolini, sobre o tema ‘A esperança da vida eterna’.

Às 21h00 de hoje (menos uma em Lisboa), a Praça de São Pedro vai acolher pela 14ª noite consecutiva a recitação do Rosário, com centenas de peregrinos rezando pela saúde do Papa.

A celebração vai ser presidida pelo cardeal português D. José Tolentino Mendonça, prefeito do Dicastério para a Cultura e a Educação.

OC

O Vaticano informou esta manhã que o Papa passou uma “noite tranquila” e se encontrava a descansar, iniciando o 24.º dia de internamento no Hospital Gemelli, de Roma.

Na tarde de sábado, o boletim com informações médicas falava numa “melhoria gradual e ligeira” no estado clínico de Francisco.

A quarta hospitalização no 10.º andar do Gemelli desde 2021 é a mais longa do pontificado.

Jorge Mario Bergoglio, de 88 anos, é natural de Buenos Aires, na Argentina; a 13 de março de 2013 foi eleito como sucessor de Bento XVI, escolhendo o inédito nome de Francisco.

 

 

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