Reclusos de Leiria e Tires vão realizar obras de arte em residências artísticas promovidas no âmbito de projeto internacional

Cidade do Vaticano, 08 out 2025 (Ecclesia) – O Vaticano apresentou hoje o seu projeto internacional ‘Portas da Esperança’, que visa assinalar o Jubileu no âmbito das prisões unindo arte e reinserção social, com participação de Portugal.
A ministra da Justiça, Rita Alarcão Júdice, participou em ligação por vídeo na conferência de imprensa promovida pelo Dicastério para a Cultura e Educação (Santa Sé), anunciando a participação grupo de jovens detidos em Leiria e um grupo de mulheres reclusas, todas mães, em Tires.
O projeto internacional ‘As Portas da Esperança’ é promovido pela Fundação Pontifícia Gravissimum Educationis do Dicastério presidido pelo cardeal português D. José Tolentino Mendonça.
A ministra da Justiça precisou que estão planeadas duas residências artísticas: uma com o artista moçambicano Ilídio Candja no Estabelecimento Prisional de Leiria; outra com a artista portuguesa Fernanda Fragateiro, no Estabelecimento Prisional feminino de Tires.
“A adesão a este repto foi imediata e sem qualquer hesitação. O entusiasmo de poder ter o Ministério da Justiça de Portugal a participar no Jubileu da Esperança, através deste ambicioso projeto, foi total e é contagiante”, afirmou Rita Alarcão Júdice.
Em nota enviada à Agência ECCLESIA, o Vaticano explica que este projeto se inspira na abertura da Porta Santa na prisão romana de Rebibbia, pelo Papa Francisco, a 26 de dezembro de 2024, um gesto inédito que marcou o início do Jubileu.
As “portas artísticas” foram concebidas em diálogo com as comunidades prisionais.
“Ao longo de um ano, serão realizadas dez portas, a ser colocadas em frente a outras tantas instituições penitenciárias, onde serão visíveis a todos. Na primeira fase, o projeto prevê dez instalações: oito na Itália e duas em Portugal, com a esperança de uma extensão progressiva das iniciativas”, indica a Santa Sé.
“A Igreja sente como sua missão a responsabilidade de ir ao encontro das pessoas em situação de detenção para lhes anunciar o Evangelho da esperança”, refere o cardeal José Tolentino Mendonça.
“Pelo contrário, queremos contribuir para despertar a consciência da nossa responsabilidade comum como guardiões da esperança”, acrescenta o responsável da Cúria Romana.
Em Itália, o projeto prevê a conceção e realização de oito “portas monumentais” a instalar em frente às prisões de San Vittore de Milão, com Michele De Lucchi; a secção feminina de Borgo San Nicola de Lecce, com Fabio Novembre; Regina Coeli em Roma, com Gianni Dessì; Santa Maria Maggiore em Veneza, com Mario Martone; Pagliarelli de Palermo, com Massimo Bottura; Canton Mombello de Brescia, com Stefano Boeri; Secondigliano em Nápoles, com Mimmo Paladino; uma prisão em fase de definição na cidade de Reggio Calabria, com Ersilia Vaudo Scarpetta.
Coordenados pelo curador artístico do projeto, Davide Rampello, entre o final de 2025 e o primeiro semestre de 2026 cada um deles criará uma “Porta da Esperança” destinada às instituições penitenciárias, com a intenção de “oferecer uma dupla possibilidade de passagem”.
“Para os detidos, da prisão para a sociedade, fortalecidos pelo percurso educativo e de reabilitação realizado, que este projeto pretende apoiar e enriquecer; para a sociedade da cidade para a prisão, para superar os muitos preconceitos sobre os detidos que muitas vezes animam a opinião pública”, indica o Vaticano.
Em Portugal, as residências artísticas acontecem graças à colaboração com o Ministério da Justiça do Governo da República Portuguesa – Direção-Geral de Reintegração e Serviços Prisionais, com o apoio da ZET-Gallery e da Fundação JJMJ Lisboa 2023.
“As portas da justiça devem permanecer sempre abertas a novas oportunidades. Nos reclusos, a arte permite fazer crescer o desejo de justiça e experimentar um extraordinário sentimento de liberdade”, sustentou Rita Alarcão Júdice.
Na bula de convocação do Jubileu 2025, Francisco defendeu uma amnistia para os presos, como sinal de “esperança”.
O 27.º jubileu ordinário da história da Igreja decorre até 6 de janeiro de 2026.
O Papa Bonifácio VIII instituiu, em 1300, o primeiro ano santo – com recorrência centenária, passando depois, segundo o modelo bíblico, cinquentenária e finalmente fixado de 25 em 25 anos.
OC