«Jubileu dos artistas»: Religiosos pintaram um grito pela paz «em silêncio» e assinaram com cores

Institutos de Vida Consagrada e Sociedades de Vida Apostólicas juntaram-se para «pinceladas de paz e reconciliação» em cinco dipticos

Agência ECCLESIA/HM

Fátima, 28 jun 2025 (Ecclesia) – A Conferência dos Institutos Religiosos de Portugal promoveu hoje, em Fátima, o «Jubileu dos Artistas», procurando que os religiosos e religiosas se apelassem à paz e reconciliação através da pintura, resultando num “grito em silêncio, assinado com cores”.

“Foi bom reunirmo-nos para um grito, um grito em silêncio. Um grito neste lugar que fala de paz, cuja mensagem exorta à paz. E depois rezarmos juntos. Acho que nos evangelizámos uns aos outros. E foi como que um manifesto pela paz assinado com cores”, conta à Agência ECCLESIA a irmã Célia Cabecinhas, religiosa na congregação das Concepcionistas ao Serviço dos Pobres.

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A religiosa, que integra a direção da CIRP, registou a “experiência bonita” entre quem participou com “pinceladas pela paz e reconciliação” e que não deixou indiferente quem passava: “Não há nenhuma tela inteira feita por alguém. Fomos nós juntos à procura de um sim à paz”.

A iniciativa, indica a religiosa, continua a missão de “viver o Evangelho”, uma tarefa “transversal a todos os institutos de vida religiosa”, desenvolvida por pessoas que por vezes são “denúncia e aconchego”.

“A paz não se espera de uns poderosos que a façam, porque também não podem. A paz começa em cada um, começa nas nossas comunidades, constrói-se pela nossa irradiação. Também com gestos, com abordagens, com cuidados, com olhares, com olhares até às margens. A paz constrói-se. A paz exige passos, exige mãos e corações disponíveis. E exige um olhar para que não fique ninguém esquecido. Um olhar para não ficarmos indiferentes à ameaça, indiferentes ao sofrimento das vítimas”, regista.

Agência ECCLESIA/HM

A irmã Alzira Ferreira, dominicana de Santa Catarina, fala à Agência ECCLESIA de uma “experiência muito interessante” que foi mudando com o decorrer do dia.

“O facto de ser pintura comunitária é um desafio muito grande e acho que é uma maravilha nós podermos contemplar a arte com a contribuição de todos, mostrando o desejo de paz e de fraternidade humana que tanto precisamos para os nossos tempos”, sublinha.

“Acho que um quadro, uma arte, é realmente um sorriso de Deus para o mundo porque cada um se retrata ali. Não há nada de inconcreto, mas cada um se retrata”, indica.

Agência ECCLESIA/HM

A irmã Sandra Bartolomeu, Serva de Nossa Senhora de Fátima, fala no sentido sinodal, onde todos contribuíram para o resultado final dos cinco dipticos, procurando uma linguagem comum.

“Quando cheguei já havia muitas intervenções nesta superfície. Procurado ligar ao contexto geográfico onde estamos, o Santuário de Fátima, onde existe uma história e que nos diz que o mundo onde há tribulações, drama da história dos homens e das mulheres, essa mesma história é o lugar da manifestação do divino. Por isso, o que nos parece, e que às vezes efetivamente são trevas e zonas de nebulosidade, podem ser rompidas, superadas pela luz de Deus, que não é uma luz monótona, mas que traz em si a vida em toda a sua plenitude”, conta.

A religiosa olhou para “as trevas cromáticas que se encontravam de manhã”, para alguma “monoformidade” que ao longo do dia “foi mudando” encontrou no final uma “luz onde emana a vida”.

Agência ECCLESIA/HM

Abílio Febra, escultor, “o único participante não religioso”, dá conta à Agência ECCLESIA da iniciativa “corajosa” que aconteceu durante o dia e que foi testemunhando entre os participantes, “alguns que nunca tinham pegado num pincel”.

“Achei muito corajoso da parte deles, porque eu conheço pintores profissionais que se calhar não aceitariam este desafio. Mas os consagrados, e sobretudo os mais novos, encararam isto de forma muito espontânea e foram muito criativos. Quando os vi chegar, achei que ia ser um sucesso e efetivamente considero que foi mesmo um sucesso esta atividade”, regista.

Cinco dipticos estiveram disponíveis entre as 10h e as 17h para serem pintados por religiosos num apelo à paz e à reconciliação, cada tela conduzida por um subtema: ‘Transfiguração’, ‘Novos samaritanos’, ‘Efeito pilatos’, ‘O fim dos tempos’ e ‘Tribulações como lugar de manifestação do divino’.

HM/LS

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