Jubileu 2025: Diocese do Porto propõe «ABC» do Ano Santo para construir «ponte» com a sociedade

Ana Isabel Martins destaca necessidade de «tradução dos sinais» jubilares

Foto: RR/Lara Castro

Porto, 29 dez 2024 (Ecclesia) – Ana Isabel Martins, da equipa de apoio à Coordenação Diocesana da Pastoral no Porto, sublinhou a necessidade de “tradução dos sinais” que fazem parte da celebração de um jubileu, para ir ao encontro das comunidades católicas e da sociedade.

“A tradução dos sinais visa esta ponte que queremos criar e construir com a sociedade, tirar esta componente demasiado eclesiástica e vedada a alguns, para que todo o povo de Deus, nas suas diversas manifestações, idades, até níveis de vinculação, possa viver o jubileu e aprender a viver o jubileu, num sentido um pouco mais real e efetivo”, refere a convidada da entrevista semanal conjunta ECCLESIA/Renascença, publicada e emitida a cada domingo.

A equipa de apoio à Coordenação da Pastoral, na Diocese do Porto, lançou um guia para a celebração do Jubileu 2025, um “glossário” com a explicação da origem bíblica destes Anos Santos, da sua história na Igreja Católica e dos vários símbolos que lhe estão associados.

Ana Isabel Martins realça que a questão de fundo é saber “se faz sentido ter jubileus hoje em dia”.

Para a entrevistada, regista-se um “défice de esperança” a que o Papa procura responder, com a convocação do 27.º jubileu ordinário da história, iniciado na última noite de Natal, com a abertura da Porta Santa na Basílica de São Pedro.

“Este alegrar-se, que tem a sua esperança em Deus, acho que nos fará falta para não ser uma alegria passageira, uma alegria que nos vem das coisas materiais, mas que se funda num alicerce sólido”, observa a responsável.

Com esta alegria fundada em Cristo, inevitavelmente chegaremos a uma nova abertura espiritual e a um crescimento”.

A ideia de publicar um glossário, por parte da equipa de apoio à Coordenação Diocesana da Pastoral no Porto, nasceu pela perceção de que “a Igreja ainda fala de uma maneira que não é acessível a todos”.

“O glossário tenta, de uma maneira clara e simples, fazer esta destrinça, clarificar alguns pontos, para que não seja apenas, ou não seja sequer, uma atitude mercantil que se tenha nesta questão das indulgências e do perdão dos pecados”, precisa Ana Isabel Martins.

“Além de desmistificar, queremos, se calhar, traduzir, por termos um bocadinho mais acessíveis às pessoas, o que é isto da indulgência, o que é o pecado, o que é o perdão”, acrescenta.

A responsável sugere que cada comunidade seja capaz de “promover ações que expliquem o porquê de um jubileu”, da vida interior ao apoio aos mais frágeis, passando pela ecologia.

“Na origem do jubileu falava-se no descanso das terras, no pousio, e isso vai entroncar nestas preocupações que temos do cuidado da natureza, da vida, da sobre-exploração que fazemos dos nossos recursos”, aponta.

Para a entrevistada, este “propósito ecológico” é um ponto de convergência com muitas preocupações das novas gerações.

Depois da JMJ Lisba 2023, o jubileu vai contar com um grande encontro de jovens com o Papa, no próximo verão, em Roma.

“Vou sentindo no pulsar dos jovens com quem contacto que este jubileu em Roma será uma segunda fase, ou uma segunda parte desta via de comunicação e deste carinho que, através do Papa Francisco, conseguimos estabelecer”, refere.

Ana Isabel Martins, formada em Direito, recorda o impacto do ano extraordinário que o Papa dedicou à misericórdia, em 2026.

“A justiça em si, o direito, visa também a reinserção daquele que cometeu um crime”, sustenta.

Henrique Cunha (Renascença) e Octávio Carmo (Ecclesia)

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