Portugueses rumaram até Roma para participar na celebração jubilar das Irmandades, tendo assistido à Missa de início do pontificado de Leão XIV

Octávio Carmo, enviado da Agência ECCLESIA ao Vaticano
Cidade do Vaticano, 19 mai 2025 (Ecclesia) – A Irmandade de Nossa Senhora da Ajuda, na Diocese de Lisboa, foi uma das centenas que participou, em Roma, na sua celebração jubilar, no Ano Santo 2025, entre sábado e domingo, uma manifestação elogiada pelo Papa Leão XIV.
“Numa altura em que se fala tanto da Igreja, da corresponsabilidade, a sinodalidade, creio que esta referência do Papa à piedade popular mostra também como, através das Confrarias, das Irmandades, a maior parte delas formadas precisamente por leigos, continua a ser um grande instrumento de evangelização e de transmissão da mensagem cristã”, afirmou o padre Paulo Pires, em declarações à Agência ECCLESIA.
O pároco de Arranhó e Santiago dos Velhos (Lisboa), elogiou as palavras de Leão XIV na Missa de início do pontificado, que fez referência ao facto de as Irmandades e Confrarias se terem deslocado de todos os continentes.
A Irmandade de Nossa Senhora da Ajuda está presente na Paróquia de Arranhó, com o Santuário de Nossa Senhora da Ajuda e, segundo o sacerdote, preparou durante “muitos meses” a participação nesta celebração jubilar, que terminou este domingo.
“Foi um ano de preparação para estarmos aqui, de algumas contrariedades, isso acontece, é normal, mas foi para nós uma grande motivação poder estarmos aqui”, referiu Sílvia Cordas, um dos elementos dos casais que integram a Irmandade, que destacou também a oportunidade de assistir à Missa de início de pontificado.
“Sendo a primeira missa do Papa Leão XIV, foi especial para nós”, reforçou Pedro Fernandes, presidente da Confraria.
O padre Paulo Pires assinala a importância destes encontros mundiais que mostram que as Irmandades e Confrarias não estão isoladas.
“Estes momentos de grandes encontros mostram, de facto, que somos uma Igreja Católica, ou seja, que este nosso sentir, que é esta forma de vivermos o Evangelho, também segundo estas expressões próprias das Irmandades, as Confrarias”, acentuou.
Na Missa de início do ministério petrino, o Papa saudou os “milhares de peregrinos vindos de todos os continentes por ocasião do Jubileu das Irmandades”.
“Caríssimos, agradeço-vos por manter vivo o grande património da piedade popular”, declarou.
O ponto alto do programa foi a procissão pelas ruas de Roma, no sábado, que congregou dezenas de milhares de pessoas.
OC/LJ
Ano Santo 2025: Procissão inédita levou emoções da Semana Santa ao Jubileu, em Roma (c/fotos)
O padre Rui Cantarilho, que durante 12 anos esteve paróquia de Arranhó, caracteriza a Irmandade de Nossa Senhora da Ajuda como sendo “bastante antiga”, com “um estilo muito próprio” naquela região do Patriarcado de Lisboa, contendo uma pequena ermida do século XV.
No seu interior é possível “ver uma imagem vestida e coberta de ouro pelos dias das festas, com donativos dos fiéis e os vários dias de romaria”, para onde se deslocam “muitos peregrinos a pé” para “pagar os seus votos, as suas promessas”, explica. O sacerdote contextualiza que os dias “mais fortes” da festa são a 7,8 e 9 de setembro, que incluem procissão de velas e outos atos religiosos e populares. “A comunidade vibra naqueles dias”, dá conta o padre Rui Cantarilho, que refere que aquela é uma freguesia de 2.500 habitantes, na qual a Festa da Senhora da Ajuda se impõe, “como se fosse um feriado”. “Ninguém trabalha nesses dias, as casas abrem-se para receber famílias, amigos e toda a gente tem um grande carinho, uma grande devoção por Nossa Senhora nesses dias”, relata. Sílvia Cordas testemunha que os dias de festa são “muito trabalhosos”, “de entrega total”. “A cada ano há um [casal] geralmente que sai e outro que entra, e quando entra, entra a esposa, entra o esposo, entra os filhos, entra os familiares todos, porque toda a gente passa a estar envolvida nesta Irmandade e nesta casa para celebrar, não apenas 7 e 8 de Setembro, mas um ano inteiro de culto que se dá à Nossa Senhora da Ajuda”, revela o padre Rui Cantarilho. |