Novo texto apela ainda a amnistias para reclusos e ao fim da pena de morte
Cidade do Vaticano, 03 dez 2024 (Ecclesia) – O Papa apelou a um cessar-fogo em todas as frentes de guerra, durante o próximo Ano Santo, insistindo ainda nos pedidos de amnistias para reclusos e do fim da pena de morte.
“Como gostaria que o próximo Jubileu fosse realmente uma ocasião propícia para um cessar-fogo em todos os países onde há combates”, indica, no prefácio do livro ‘Jubileu da Esperança’, escrito pelo vaticanista Francesco Antonio Grana.
“Da guerra, de todas as guerras – isso deve ficar claro – todos sempre saem perdedores, todos”, acrescenta.
Apontando ao próximo Jubileu, que se inicia 24 de dezembro, com a abertura da Porta Santa na Basílica de São Pedro, Francisco defende “condições dignas” para os presos e reforça o apelo à abolição da pena de morte, que considera “inadmissível porque atenta contra a inviolabilidade e a dignidade da pessoa”.
O Papa sublinha a temática da esperança, que vai marcar o Jubileu 2025.
“Não é uma ilusão ou uma emoção. É uma virtude concreta, uma atitude de vida e tem a ver com escolhas concretas. A esperança se alimenta do compromisso de cada pessoa com o bem”, precisa.
O Papa Bonifácio VIII instituiu, em 1300, o primeiro ano santo – com recorrência centenária, passando depois, segundo o modelo bíblico, cinquentenária e finalmente fixado de 25 em 25 anos.
Segundo Francisco, este Ano Santo “não é exclusivamente um compromisso ditado pelo calendário, mas um verdadeiro instrumento pastoral que os pontífices, desde 1300 até hoje, utilizaram de acordo com as necessidades do tempo em que foram chamados para guiar a Igreja”.
O Papa projeta a visita de milhões de peregrinos a São Pedro e às outras três basílicas papais de Roma.
“Gostaria que esta peregrinação não fosse uma viagem turística ou a realização de uma meta, como acontece nos Jogos Olímpicos. Gostaria que fosse realmente uma oportunidade de conversão, de revisão da própria vida à luz do Evangelho”, escreve o Papa, desejando que esta peregrinação seja “sempre acompanhada de um gesto de caridade, a realizar em segredo”.
Na bula de proclamação do Jubileu 2025, publicada em maio, Francisco tinha apelado a um cessar-fogo global e a um perdão das dívidas para os países pobres.
“Que o primeiro sinal de esperança se traduza em paz para o mundo, mais uma vez imerso na tragédia da guerra”, pediu.
O texto, intitulado ‘Spes non confundit’ (A esperança não desilude), anuncia solenemente o início e fim das celebrações do próximo Ano Santo, entre 28 de dezembro de 2024 e 6 de janeiro de 2026, naquele que será o 27.º jubileu ordinário da história da Igreja.
O Papa lamenta que a humanidade se mostre “esquecida dos dramas do passado” e está de “novo submetida a uma difícil prova, que vê muitas populações oprimidas pela brutalidade da violência”.
O documento pontifício pede empenho da diplomacia para se “construírem, de forma corajosa e criativa, espaços de negociação em vista duma paz duradoura”.
Francisco lamenta ainda a “chaga escandalosa” da fome.
“Renovo o apelo para que, ‘com o dinheiro usado em armas e noutras despesas militares, constituamos um Fundo global para acabar de vez com a fome e para o desenvolvimento dos países mais pobres’”, insiste.
OC
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