Jubileu 2025: Papa envia mensagem aos diáconos, pedindo fim da lógica do «ódio»

Missa na Basílica de São Pedro foi presidida por D. Rino Fisichella, que pediu orações pela recuperação de Francisco

Cidade do Vaticano, 23 fev 2025 (Ecclesia) – O Papa dirigiu hoje uma mensagem aos participantes no Jubileu dos diáconos, que reúne milhares de pessoas no Vaticano, apelando ao fim da lógica do “ódio”.

“Um mundo onde só prevalece o ódio pelos adversários é um mundo sem esperança, sem futuro, condenado a ser dilacerado por guerras, divisões e vinganças intermináveis – como, infelizmente, vemos ainda hoje, a tantos níveis e em várias partes do mundo. Perdoar significa, portanto, preparar em nós e nas nossas comunidades uma casa acolhedora e segura para o futuro”, refere o texto preparado para Francisco, apresentado esta manhã durante a Missa que decorreu na Basílica de São Pedro.

Antes de ler a homilia, D. Rino Fisichella, pró-prefeito do Dicastério para a Evangelização, evocou a situação de saúde do Papa.

“É com particular prazer que leio a homilia que o Papa Francisco teria comunicado a todos vós (diáconos) neste Domingo especial. Na celebração eucarística, onde a comunhão assume a sua dimensão mais plena e significativa, sentimos o Papa Francisco, embora numa cama de hospital, sentimo-lo perto de nós, sentimo-lo presente no meio de nós. E isso obriga-nos a tornar a nossa oração ainda mais forte e intensa para que o Senhor o ajude no seu momento de provação e de doença”, disse.

O diaconado é o primeiro grau do Sacramento da Ordem (diaconado, sacerdócio, episcopado), atualmente reservado aos homens, na Igreja Católica.

O Concílio Vaticano II (1962-1965) restaurou o diaconado permanente, a que podem aceder homens casados (depois de terem completado 35 anos de idade), o que não acontece com o sacerdócio.

Com origem grega, a palavra ‘diácono’ pode traduzir-se por servidor, e corresponde a alguém especialmente destinado na Igreja Católica às atividades caritativas, a anunciar a Bíblia e a exercer funções litúrgicas.

A homilia do Papa sublinhou que “o diácono, investido pessoalmente de um ministério que o leva às periferias do mundo, compromete-se a ver – e a ensinar os outros a ver – em cada um, mesmo naqueles que erram e causam sofrimento, uma irmã e um irmão feridos na alma e, por isso mesmo, mais necessitados do que qualquer outro de reconciliação, de orientação e de ajuda”.

A proclamação do perdão é uma tarefa essencial do diácono. Efetivamente, é um elemento indispensável para qualquer caminho eclesial e uma condição para toda a convivência humana”.

Internado no Hospital Gemelli desde 14 de fevereiro, Francisco foi diagnosticado na última terça-feira com uma pneumonia bilateral, num quadro clínico “complexo”, e este sábado o Vaticano informou que o Papa se encontrava em condição “crítica”, com prognóstico reservado.

Na segunda celebração consecutiva do Ano Santo sem a presidência do pontífice, a homilia destacou o valor do “serviço desinteressado”.

“Para o diácono, esta atitude não é um aspeto acessório das suas ações, mas uma dimensão substancial do seu ser. Realmente, ele é consagrado para ser, no ministério, escultor e pintor do rosto misericordioso do Pai, testemunha do mistério de Deus Trindade”, refere o texto.

A reflexão fala dos diáconos como alguém que “liga o altar à rua, a Eucaristia à vida quotidiana das pessoas”, apontando ainda a gratuidade como “fonte de comunhão”.

Francisco saudou, em particular, os diáconos que são “maridos, pais e avós” prontos a alargar as suas famílias aos necessitados.

“A vossa missão, que vos retira da sociedade para nela vos fazer reentrar, tornando-a cada vez mais um lugar acolhedor e aberto a todos, é uma das mais belas expressões de uma Igreja sinodal e em saída”, sustentou.

Foto: Vatican Media

A celebração desta manhã contou com a ordenação de 23 diáconos de sete países.

O quarto grande evento do Ano Santo 2025 tem seis mil peregrinos, vindos de cerca de 100 nações, incluindo Portugal.

O programa do Jubileu dos Diáconos contou com momentos de oração e reflexão, por grupos linguísticos, sobre o tema “Sinais concretos de esperança no ministério diaconal”.

Este sábado decorreu a peregrinação até à Porta Santa da Basílica de São Pedro e a vigília de oração no Auditório Paulo VI.

O Jubileu, com raízes no ano sabático dos judeus, consiste num “perdão geral, uma indulgência aberta a todos, e na possibilidade de renovar a relação com Deus e o próximo”.

Esta indulgência implica obras penitenciais, incluindo peregrinações e visitas a igrejas.

O Papa Bonifácio VIII instituiu, em 1300, o primeiro Ano Santo – com recorrência centenária, passando depois, segundo o modelo bíblico, cinquentenária e finalmente fixado de 25 em 25 anos.

O atual Ano Santo começou com a abertura da Porta Santa, na Basílica de São Pedro, na vigília do último Natal; a 26 de dezembro, o Papa repetiu este gesto, numa prisão de Roma.

OC

 

Na mensagem que escreveu para o ângelus dominical, publicada pela sala de imprensa da Santa Sé, o Papa evocou a celebração na Basílica de São Pedro, com a ordenação de alguns candidatos ao diaconato.

“Saúdo-os, bem como os participantes no Jubileu dos Diáconos que se realizou nestes dias no Vaticano; e agradeço aos Dicastérios para o Clero e para a Evangelização pela preparação deste evento”, refere.

Francisco dirige-se aos “irmãos diáconos”, que se dedicam ao anúncio da Palavra e ao serviço da caridade, pedindo que “desempenhem o seu ministério na Igreja com palavras e ações, levando o amor e a misericórdia de Deus a todos”.

“Exorto-vos a continuardes com alegria o vosso apostolado e – como sugere o Evangelho de hoje – a serdes sinal de um amor que abraça todos, que transforma o mal em bem e gera um mundo fraterno. Não tenhais medo de arriscar o amor”, conclui.

Ano Santo 2025: Portugal entre os participantes de 100 países na celebração jubilar dos diáconos permanentes, no Vaticano (c/ vídeo)

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