Francisco retoma dinamismo lançado por São João Paulo II, no Grande Jubileu de 2000
Cidade do Vaticano, 05 jul 2023 (Ecclesia) – O Papa anunciou hoje a criação de uma “Comissão dos Novos Mártires – Testemunhas da Fé’, no Dicastério para as Causas dos Santos, no contexto da celebração do próximo Jubileu, no Ano Santo de 2025.
O novo organismo, indica Francisco, vai “elaborar um catálogo de todos os que derramaram o seu sangue para confessar Cristo e testemunhar o seu Evangelho”.
“Temos uma grande dívida com todos eles e não podemos esquecê-los”, sustenta.
A iniciativa vai prosseguir a dinâmica iniciada no Ano Santo de 2000, no pontificado de São João Paulo II.
“A investigação vai dizer respeito não só à Igreja Católica, mas vai estender-se a todas as confissões cristãs. Também no nosso tempo, no qual se assiste a uma mudança de época, os cristãos continuam a mostrar, em contextos de grande risco, a vitalidade do Batismo comum”, precisa o Papa.
Em maio deste ano, Francisco anunciou a decisão de inserir os 21 cristãos coptas mortos pelo Estado Islâmico na Líbia, em 2015, no elenco do Martirológio Romano.
Não são poucos os que, conscientes dos perigos que correm, manifestam a sua fé ou participam na Eucaristia dominical. Outros são mortos no esforço de socorrer, na caridade, a vida dos pobres, no cuidado pelos rejeitados da sociedade, na salvaguarda e promoção do dom da paz e da força do perdão”.
Segundo a Agência Fides, do Vaticano, entre 1990 e 2000 houve registo de 604 missionários mortos, incluindo as vítimas do genocídio do Ruanda (1994), que causou pelo menos 248 vítimas entre o pessoal eclesiástico.
Já nos anos de 2001 a 2022, o número total de agentes pastorais mortos foi de 527.
O Papa tem repetido a convicção de que os mártires “são mais numerosos” na atualidade do que nos primeiros séculos do Cristianismo, falando num “ecumenismo de sangue”.
“São bispos, sacerdotes, consagrados e consagradas, leigos e famílias, que nos vários países do mundo, com o dom das suas vidas, ofereceram a suprema prova de caridade”, indica, na carta divulgada hoje.
A 7 de maio de 2000, durante o Grande Jubileu, estas pessoas foram lembradas numa celebração ecuménica, que reuniu no Coliseu de Roma representantes das Igrejas e comunidades eclesiais de todo o mundo.
“Também no próximo Jubileu nos encontraremos unidos, para uma celebração semelhante”, adianta Francisco.
Num mundo onde, por vezes, o mal parece prevalecer, estou certo de que a elaboração deste catálogo, também no contexto do já iminente Jubileu, ajudará os crentes a ler os nossos tempos também à luz da Páscoa”.
A Igreja Católica assinala a 24 de março uma jornada anual de oração e jejum pelos missionários mártires, promovida pelo movimento juvenil das Obras Missionárias Pontifícias, no aniversário da morte de D. Oscar Romero, assassinado em 1980; o arcebispo de San Salvador foi canonizado pelo Papa Francisco, em 2018.
Já em 2019, no arranque do Sínodo especial para a Amazónia, foram recordados os mártires da região.
OC