Coordenador nacional do Plano Nacional de Ética no Desporto destaca importância de evento promovido pelo Vaticano, no Ano Santo

Lisboa, 13 jun 2025 (Ecclesia) – O coordenador nacional do Plano Nacional de Ética no Desporto destacou a importância da “qualidade moral” da prática desportiva, a respeito do evento jubilar que se vai celebrar no Vaticano.
“Há uma responsabilidade também moral por parte dos agentes desportivos, os atletas, gente que tem, digamos, muita presença na comunicação social”, disse José Carlos Lima à Agência ECCLESIA.
O Jubileu do Desporto, promovido pela Santa Sé, vai decorrer entre sábado e domingo, com a participação de atletas, treinadores, dirigentes e seus familiares.
Para o coordenador do Plano Nacional de Ética no Desporto é preciso “valorizar aquilo que há de melhor” na prática desportiva,
“A Igreja deve utilizar, de certa forma, o desporto como uma ferramenta também de evangelização”, acrescenta o entrevistado.
José Carlos Lima alerta para o risco de “desvirtuar” a prática desportiva quando o objetivo de vitória se “sobrepõe a qualquer valor ou a qualquer regra”.
“O desporto tem outras dimensões também de relação, de realização da pessoa, da questão de valorização da comunidade, da questão da identidade, de respeito”, precisa, considerando que esse conjunto de valores positivos que são “o núcleo” a preservar.
O entrevistado recorda a criação da Cátedra ‘Manuel Sérgio’ – Desporto, Ética e Transcendência, na sequência de contactos entre a UCP e o IPDJ, permitindo à Igreja Católica criar “um núcleo de reflexão, entre o desporto e a espiritualidade, entre o desporto e a dimensão humana”.
“A superação tem a ver com isso, perceber que os limites são uma condição para irmos mais além”, assinala.
O responsável destaca a dimensão pedagógica da prática desportiva, admitindo que “por vezes, os exemplos não são muito positivos”.
A criação do “cartão branco”, por exemplo, visou apresentar um recurso pedagógico que “valoriza a dimensão positiva do desporto”, recompensando gestos de atletas, treinadores e até adeptos.
A dimensão de inclusão e a formação do caráter são outros pontos sublinhados pelo plano nacional, estando em curso projetos nos escalões de formação que visam dar menos centralidade ao resultado e valoriza os comportamentos e atitudes.
Reconhecendo que grande parte da massa dos adeptos “vive o desporto de forma correta”, o coordenador nacional do Plano Nacional de Ética no Desporto lamenta que uma minoria recorra à violência.
“São situações, digamos, de crime que não têm nada a ver com o desporto, têm a ver com a violência fortuita, têm a ver com questões de frustrações pessoais”, aponta.
Questionado sobre o impacto da digitalização na prática desportiva, José Carlos Lima afirma que “a dimensão relacional, essa dimensão mais táctil de ver com o outro, de jogar com o outro, dificilmente se vai superar” com a tecnologia.
O programa do Jubileu do Desporto, no Vaticano, foi apresentado aos jornalistas pelo cardeal português D. José Tolentino Mendonça, prefeito do Dicastério para a Cultura e a Educação.
“Mesmo quando parece uma disciplina solitária, o desporto é sempre uma comunidade em movimento”, disse.
O colaborador do Papa recordou que, a 1 de junho, Leão XIV se encontrou no Vaticano com os ciclistas do ‘Giro’ de Itália, aos quais referiu que são “modelos para os jovens de todo o mundo”.
“Esta frase revela duas coisas fundamentais: em primeiro lugar, o reconhecimento que a Igreja dá ao desporto; em segundo lugar, a responsabilidade que o desporto exerce sobre a sociedade”, observou o cardeal português.
D. José Tolentino Mendonça deixou votos de que o evento jubilar dedicado ao desporto “possa despertar nos atletas a consciência de que eles também são missionários da esperança”.
O programa começa no sábado, com o encontro ‘O impulso da esperança: histórias além do pódio’, aberto pelo cardeal José Tolentino Mendonça e Thomas Bach, presidente do Comité Olímpico Internacional.
A primeira parte será dedicada aos testemunhos de Letsile Tebogo (atletismo), Valentina Vezzali (esgrima), Amelio Castro Grueso (esgrima paralímpica) e o português Sérgio Conceição (ex-futebolista e treinador); durante a segunda parte, será aprofundada a presença da Igreja no âmbito desportivo e educativo.
No sábado à tarde, desportistas, familiares e amigos podem passar pela Porta Santa, na Basílica de São Pedro, onde o Papa vai presidir à Missa pelas 10h00 (menos uma em Lisboa) de domingo.
OC