Cardeal português apresentou programa do encontro dedicado aos artistas e ao mundo da cultura, no calendário do Ano Santo
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Cidade do Vaticano, 12 fev 2025 (Ecclesia) – O cardeal português D. José Tolentino Mendonça, disse hoje no Vaticano que a esperança é “um bem de primeira necessidade”, apontando ao encontro dedicado aos artistas e ao mundo da cultura, no calendário do Ano Santo 2025, que decorre a partir de sábado.
“Queremos declarar em conjunto a esperança como um bem de primeira necessidade e não como um simples acessório”, referiu, em conferência de imprensa, o prefeito do Dicastério para a Cultura e Educação.
O “Jubileu dos Artistas e do Mundo da Cultura”, que se realiza de 15 a 18 de fevereiro, reúne mais de dez mil participantes inscritos de mais de 100 nações dos cinco continentes, incluindo Portugal e vários países lusófonos.
D. José Tolentino Mendonça assumiu como objetivo das iniciativas dos próximos dias “provocar um diálogo sobre a esperança, colocá-la no centro do espaço público como um tema cultural prioritário”.
O Ano Santo, 27.º jubileu ordinário da história da Igreja, foi proclamado pelo Papa Francisco na bula intitulada ‘Spes non confundit’ (A esperança não engana) e teve início no dia 24 de dezembro de 2024, com a abertura da Porta Santa na Basílica de São Pedro, e termina no dia 6 de janeiro de 2026.
O prefeito do Dicastério para a Cultura e Educação apontou a um “grande encontro, verdadeiramente global”.
“A esperança é uma experiência antropológica global, que pulsa no coração de todas as culturas, e que dá a todas a oportunidade de dialogar, a partir da esperança. Devemos escutar o que as diferentes culturas têm a dizer sobre a esperança”, indicou.
O cardeal português deixou votos de que este Jubileu ofereça “oportunidades criativas que permitam a todos e a cada um reavivar a esperança”, valorizando o papel dos artistas na sociedade contemporânea.
D. José Tolentino Mendonça convidou a valorizar o património cultural das religiões como “um transmissor mais ativo de esperança para as novas gerações” e a “procurar em conjunto expressões espirituais e artísticas que possam constituir gramáticas e poéticas de esperança para o mundo contemporâneo”.
O encontro com os jornalistas contou com a presença da senadora Lucia Borgonzoni, subsecretária de Estado do Ministério da Cultura; Lina Di Domenico, chefe do Departamento de Administração Penitenciária do Ministério da Justiça da República Italiana; Barbara Jatta, diretora dos Museus do Vaticano; Cristiana Perrella, curadora do espaço ‘Conciliazione 5’ para o Ano Santo 2025; e Raffaella Perna, curadora da exposição ‘Global Visual Poetry: transnational trajectories in Visual Poetry’.
No sábado, o programa começa de manhã com uma audiência concedida pelo Papa, seguindo-se um encontro, nos Museus do Vaticano, com responsáveis de museus e instituições culturais para refletir sobre “formas de compromisso comum que favoreçam a transmissão do código cultural das religiões”.
No final da tarde, vai ser inaugurado um espaço de exposições, uma galeria de rua (Window Gallery), na Via della Conciliazione, junto ao Vaticano, intitulada ‘Conciliazione 5’.
A exposição inaugural é um projeto de Yan Pei-Ming, comissariado por Cristiana Parrella, e coloca a comunidade prisional ‘Regina Coeli’ no “centro emocional e visual da atenção de todos”.
No domingo, a celebração começa às 10h00 (menos uma em Lisboa), com a Missa presidida pelo Papa, na Basílica de São Pedro, onde os participantes vão atravessar a Porta Santa e percorrer um itinerário espiritual e cultural, durante a tarde.
Já na segunda-feira, decorre a primeira visita de um Papa à Cinecittà, estúdios cinematográficos em Roma, onde se vai encontrar com uma representação de artistas e protagonistas do mundo da cultura.
Francisco vai ser recebido pelo Coro ‘La Nave’, composto por mais de 50 pessoas, que reúne reclusos, ex-reclusos e voluntários numa experiência de reinclusão social através da música.
Também na segunda-feira, à tarde, o Dicastério para a Cultura e a Educação promove um encontro de representantes dos centros culturais católicos e dos organismos eclesiais dedicados à cultura.
Na terça-feira, será inaugurada nos espaços do Dicastério uma grande exposição sobre ‘trajetórias transnacionais da Poesia Visual’, comissariada por Raffaella Perna.
O Jubileu, com raízes no ano sabático dos judeus, consiste num “perdão geral, uma indulgência aberta a todos, e na possibilidade de renovar a relação com Deus e o próximo”.
Esta indulgência implica obras penitenciais, incluindo peregrinações e visitas a igrejas.
O Papa Bonifácio VIII instituiu, em 1300, o primeiro Ano Santo – com recorrência centenária, passando depois, segundo o modelo bíblico, cinquentenária e finalmente fixado de 25 em 25 anos.
O último Jubileu tinha sido o Ano Santo extraordinário dedicado à Misericórdia (29 de novembro de 2015 a 20 de novembro de 2016), convocado com a Bula ‘Misericordiae Vultus’ do Papa Francisco.
OC