Jubileu 2025: Cáritas promove conferência internacional sobre perdão da dívida

«Mais de 3,3 mil milhões de pessoas vivem em países onde os governos estão a gastar mais para pagar aos credores do que em serviços públicos básicos», alerta organização católica

Roma, 26 mai 2025 (Ecclesia) – A confederação internacional da Cáritas vai promover esta quarta-feira, em Roma, uma conferência internacional sobre a crise da dívida, recordando um problema que “mantém milhares de milhões de pessoas na pobreza”.

Os trabalhos incluem um painel de discussão online, com economistas, líderes religiosos, e representantes da sociedade civil, tendo como pano de fundo o Jubileu dedicado à esperança, que a Igreja Católica está a celebrar.

“O evento ‘Peregrinos da Esperança: Uma inspiração jubilar para a ação sobre a dívida, o clima e o desenvolvimento’ vai reunir especialistas em políticas e líderes religiosos para debater a forma como o ano jubilar que a Igreja Católica celebra em 2025 oferece uma visão para acabar com a crise mundial da dívida que mantém milhares de milhões de pessoas na pobreza”, refere uma nota enviada hoje à Agência ECCLESIA.

A iniciativa decorre no âmbito da campanha global da ‘Caritas Internationalis’, “Transformar a dívida em esperança”, lançada a 23 de dezembro de 2024.

“Coincidindo com o décimo aniversário da ‘Laudato Si’, este evento responde ao apelo do Papa Francisco no Dia Mundial da Paz de 2025 para o alívio da dívida dos países mais endividados do mundo, não como um ato de generosidade, mas como um ato de justiça, apelando também à criação de uma arquitetura financeira internacional renovada, com a dignidade humana para todos no seu cerne”, sustenta a organização católica.

Mais de 3,3 mil milhões de pessoas vivem em países onde os governos estão a gastar mais para pagar aos credores do que em serviços públicos básicos como a educação, os cuidados de saúde e a preparação para as catástrofes climáticas.”

A confederação internacional da Cáritas alerta que “os governos dos países mais pobres do mundo estão a ser forçados a afetar mais fundos ao serviço da dívida do que aos cuidados de saúde, à educação e à adaptação às alterações climáticas em conjunto”.

“Esta crise da dívida é acompanhada por cortes nos orçamentos de ajuda e pela imposição de tarifas por parte dos governos do norte global, reduzindo ainda mais os recursos disponíveis para os governos do sul global fornecerem serviços públicos básicos”, acrescenta o comunicado de imprensa.

O Papa Francisco apelou na bula de proclamação do Jubileu 2025 a um perdão das dívidas para os países pobres.

A ‘Caritas Internationalis’ pede o “cancelamento imediato e a reestruturação de dívidas injustas e insustentáveis – sem impor condições económicas prejudiciais que recaiam sobre os mais pobres”.

Além disso, a organização mundial apela a uma “reforma financeira de longo prazo que priorize as pessoas e o planeta, criando sistemas justos, sustentáveis e livres de práticas de empréstimos predatórias” e a “a criação de um quadro global de dívida baseado na solidariedade e na harmonia entre os povos”.

OC

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