«Precisamos de beleza e de esperança para nos ressuscitar culturalmente» – Padre António Martins, capelão da Capela do Rato
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Lisboa, 14 fev 2025 (Ecclesia) – A arquiteta Daniela Luís e o padre António Martins destacam a importância da arte e da beleza para encontrar Deus e para o diálogo, antes de participarem no Jubileu dos Artistas e do Mundo da Cultura, no Vaticano.
“O meu percurso enquanto cristã, enquanto católica, é também através da arte descobrir Deus, descobrir a misericórdia de Deus na minha vida, na vida dos outros. Uma cor, uma forma, qualquer coisa pode ser interpretada, pode tocar uma pessoa de maneira diferente, e daí também um percurso de descoberta de Deus através da arte”, disse Daniela Luís em entrevista à Agência ECCLESIA.
A jovem arquiteta e artista explicou que a componente artística é também uma forma de viver a fé, quando vai criar algo começa por rezar “sempre”, e destacou alguns trabalhos como umas imagens para a Semana Santa 2024 para a Pastoral Juvenil da Diocese de Setúbal, sírios pascais, o vitral da capela do Santíssimo da igreja da Paróquia de Santo André (Barreiro), ou os confessionários da Jornada Mundial da Juventude Lisboa 2023.
“É possível encontrá-lo em várias maneiras, ele passa sempre na brisa suave, portanto, também para mim é uma brisa suave que passa quando estou a pintar, quando estou a criar alguma coisa, para mim, é um momento de encontro com Deus”, desenvolveu Daniela Luís.
O padre António Martins, capelão da Capela do Rato, no Patriarcado de Lisboa, assinala que conciliar a fé com a beleza e com a cultura deste tempo é um trabalho que tem sido desenvolvido por esta comunidade há mais de uma década, com “um grande contributo do padre Tolentino num diálogo fecundo com os artistas, pintores, escultores, arquitetos, músicos”, inspirado no Jubileu dos Artistas do Papa Bento XVI.
“Trouxe o estímulo e a motivação para desenvolver ali na Capela do Rato um diálogo fecundo, ao vivo, criativo, em processo, com diferentes valências do mundo da cultura”, desenvolveu o sacerdote, destacando também atual “diálogo com o mundo da cultura, cruzando literatura, filosofia, espiritualidade, dialogando com crentes e não-crentes”.
O “Jubileu dos Artistas e do Mundo da Cultura”, do Ano Santo 2025, realiza-se de 15 a 18 de fevereiro, e tem mais de dez mil participantes inscritos, de mais de 100 nações dos cinco continentes, incluindo Portugal e vários países lusófonos.
“Eu interpreto este cuidado numa tradição que é afirmada desde o Concílio Vaticano II, a mensagem dos padres conciliares aos artistas”, salientou o padre António Martins.
O capelão da Capela do Rato observa que “o caminho da beleza é um caminho redentor do desespero e do desânimo”, que pode ser um traço profundamente negativo dos tempos contemporâneos que se estão a viver e precisam “de beleza e de esperança para ressuscitar culturalmente”.
Já Daniela Luís afirma que vai para o Jubileu dos Artistas e do Mundo da Cultura “sem muitas expectativas, à descoberta”, em peregrinação e sozinha, mas “também à procura de um encontro com Cristo”.
“Vou à procura também desta misericórdia para mim, e vou também à procura de mais artistas, de conhecer outros mundos, outras realidades, vou um bocadinho nesta descoberta”, acrescentou a arquiteta e artista, no Programa ECCLESIA, transmitido hoje, na RTP2.
O prefeito do Dicastério para a Cultura e Educação (Santa Sé), D. José Tolentino Mendonça, disse que querem declarar “a esperança como um bem de primeira necessidade e não como um simples acessório”, na apresentação do programa deste encontro jubilar do Ano Santo 2025 dedicado aos artistas e ao mundo da cultura, esta quarta-feira, no Vaticano.
O Ano Santo 2025, o 27.º jubileu ordinário da história da Igreja, foi proclamado pelo Papa Francisco na bula intitulada ‘Spes non confundit’ (A esperança não engana), teve início no dia 24 de dezembro de 2024, com a abertura da Porta Santa na Basílica de São Pedro, e termina no dia 6 de janeiro de 2026.
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O Jubileu, com raízes no ano sabático dos judeus, consiste num “perdão geral, uma indulgência aberta a todos, e na possibilidade de renovar a relação com Deus e o próximo”.
Esta indulgência implica obras penitenciais, incluindo peregrinações e visitas a igrejas. O Papa Bonifácio VIII instituiu, em 1300, o primeiro Ano Santo – com recorrência centenária, passando depois, segundo o modelo bíblico, cinquentenária e finalmente fixado de 25 em 25 anos. O último Jubileu tinha sido o Ano Santo extraordinário dedicado à Misericórdia (29 de novembro de 2015 a 20 de novembro de 2016), convocado com a Bula ‘Misericordiae Vultus’ do Papa Francisco. |
Jubileu 2025: «Esperança é um bem de primeira necessidade» – D. José Tolentino Mendonça