Participante português no Organismo Consultivo Internacional dos Jovens, do Vaticano, fala em necessidade de «testemunhos autênticos», de uma «relação ‘tu a tu’ com Deus que transforma, e da «força que uma multidão provoca»
Lisboa, 15 jan 2025 (Ecclesia) – Rodrigo Figueiredo, jovem português de 28 anos que integra o Organismo Consultivo Internacional dos Jovens, criado pela Dicastério para os Leigos, a Família e a Vida, afirma que participa numa Igreja que “conta com os jovens”.
“Eu sinto que integro uma Igreja que conta com os jovens. Às vezes dizem muito que a Igreja não muda ou a Igreja está sempre estagnada, mas a minha experiência da Igreja diz-me o contrário, que a Igreja está em movimento, que quer ouvir a voz dos jovens e que conta com todos”, explica à Agência ECCLESIA.
O Organismo que Rodrigo integra, com jovens de 20 nacionalidades representando os cinco continentes, foi criado depois do Sínodo dos Bispos de 2018, dedicado ao tema «Os jovens, a fé e o discernimento vocacional», com funções “consultivas, propositivas e de colaboração no aconselhamento do Papa para questões relacionadas com a pastoral juvenil”.
“Todos os jovens que estão no Organismo têm uma relação de profundo amor com a Igreja e querem estar ao serviço. São muito diferentes entre si e têm diversas experiências de paróquias, movimentos e grupos”, acrescenta.
Com características diversas, há pontos comuns em “sonhos, anseios e projetos”, numa partilha entre os jovens que o participante português entende ser de fraternidade.
Rodrigo Figueiredo explica só conseguir contar a sua história e que esta é feita de “testemunhos autênticos” e momentos felizes.
“Acho que as pessoas têm desejo de autenticidade e os jovens ‘cheiram’ autenticidade ou ausência dela. A minha experiência de Igreja sempre foi boa, desde a minha paróquia, os grupos em que participo, as oportunidades que tenho encontrado, os mestres que tenho conhecido”, indica.
Alegria e esperança são duas palavras que marcam o olhar de Rodrigo Figueiredo perante a vida.
“Quando olho para a minha vida, para o que vivi neste 28 anos, e para as oportunidades que encontrei, olho com grande alegria. Olho também com esperança este tempo de juventude porque, apesar de ver notícias assustadoras, a vida apresenta coisas bonitas, que vão acontecendo à minha volta e isso é esperançoso”, contata.
Em entrevista ao programa ECCLESIA na Antena 1, Rodrigo Figueiredo recorda o exemplo da avó, que vivia a vida com “leveza” e “ria muito”.
“A minha avó era o pilar numa família onde nem todos são crentes. Mas o seu exemplo de rezar a oração do terço duas vezes por dia, e as pessoas serem confrontadas com esse sustento de oração, silenciava as críticas”, recorda.
O jovem de 28 anos encontra na paróquia de Linda-a-Velha, no patriarcado de Lisboa, a sua “casa”, local onde fez o seu percurso “básico” de formação cristã e onde a integração num grupo de jovens se revelou um “revolução”.
“A catequese é algo muito estruturada. O grupo de jovens é uma estrutura completamente diferente, os encontros, as atividades, muda tudo. No grupo pude fazer uma missão e foi a primeira vez que tive, por exemplo, uma semana fora de casa, fui a Polónia, à Jornada Mundial da Juventude, conheci formas diferentes de rezar, fui a Taizé (comunidade ecuménica, em França) pela primeira vez, que se tornou num lugar especial para mim”, recorda.
“Desde muito cedo, dei por mim numa relação de «tu a tu» com Deus e quando isso acontece, transforma-se num lugar onde queres ir assiduamente. Quando percebo que o silêncio que sentia não era uma ausência de Deus, e que no confronto com esse silêncio, eu falava a Jesus, é algo que se torna inato, e onde queres estar. O encontro com Deus muda-nos”, explica.
Rodrigo Figueiredo foi voluntário na Jornada Mundial da Juventude, no Panamá, em 2019, e recorda o impacto de ver uma multidão reunida.
“Uma das coisas que mais me toca na vida é a força de ver uma multidão. Há uma força num grupo junto pela mesma causa. Isso toca-me em sítios que eu não sei onde, e quase me leva ao choro. E na JMJ Panamá percebi este sentimento de pertença. São milhões de jovens que vão, só por causa de Jesus”, recorda.
Formado em Gestão de Lazer e Animação Turística, Rodrigo explica a escolha incerta e a incerteza sobre o futuro, mas fala num grande gosto em contactar pessoas e crescer com elas.
“Acho mesmo que cada pessoa é um tesouro, e esta possibilidade de poder falar com as pessoas, conhecer o outro, é mágico”, sublinha.
A conversa com Rodrigo Figueiredo pode ser acompanhada esta noite na Antena 1, no programa ECCLESIA, emitido pouco depois da meia-noite, e disponibilizado no podcast «Alarga a tua tenda».
LS