Jovens madeirenses vão ajudar Moçambique

Grupo de voluntários parte terça-feira numa iniciativa da Juventude Dehoniana Na próxima terça-feira, dia 1 de Agosto, um grupo de jovens madeirense parte para uma missão no norte de Moçambique, com a duração de um mês. Ao todo, embarcam nesta missão cinco raparigas, um rapaz e o Pe. Juan Noite, coordenador do Movimento Juventude Dehoniana, do qual estes jovens fazem parte. Serão dois dias de viagem, com escala em Amesterdão até chegarem ao destino. Vão carregados de boa vontade e muito carinho para darem aos que encontrarem, numa terra tão carente de tanto onde, ainda, se dá grande valor a uma palavra, a um gesto de amizade, a um simples sorriso… Este é o primeiro grupo de leigos que vai estar junto da comunidade do Alto Molócue, no norte de Moçambique. Tentaram arrumar na mala, apenas, o essencial para uso pessoal e reservaram o restante espaço para o material de apoio que levam para os residentes. No dia 2 de Agosto, um grupo de voluntários madeirenses que pertencem ao Movimento Juventude Dehoniana contam chegar a Moçambique para uma missão de um mês. A sua acção de evangelização e de apoio humano, social e de formação vai incidir na zona norte daquele país, mais concretamente, Gurúè e Alto Molócue onde a Congregação dos Sacerdotes de Jesus (Dehonianos) está a desenvolver diversas actividades. Será, sobretudo, através do lúdico que vão tentar aproximar as duas culturas. Para tal, levam alguns instrumentos tradicionais madeirenses desde a viola, braguinha, brinquinho e castanholas porque a cultura africana é muito ligada à música e à dança. Desta forma descontraída irão, igualmente, tentar transmitir certos valores. Em conversa com o grupo de jovens, pudemos constatar que esta é uma experiência há muito desejada por todos durante a qual vão procurar transmitir o seu conhecimento, carinho e amizade. Será, também, uma oportunidade para se encontrarem consigo mesmos e reflectirem sobre a sua forma de vida. Para tal, abdicaram das férias, uns da escola, outros do trabalho mas não estão arrependidos pois dizem que vai valer a pena. Do grupo, apenas Ana Luisa Santos já participou numa missão destas há seis anos, por ocasião da formação da Associação dos Leigos Voluntários Dehonianos. Para os restantes, é tudo novidade. É o caso de Maria Fátima Barros. Desde pequena que gosta de ler as revistas das missões. Em vez de ir para os arraiais, ficava em casa a folhear as publicações e a imaginar como seria estar nesses locais. Experiência enriquecedora Depois juntou-se à família Dehoniana e surgiu a oportunidade de fazer esta experiência. “Penso que vai ser enriquecedora”, apontou. Para além de conhecer outra cultura vai poder contactar de outra forma com a natureza e com outras pessoas, nomeadamente, crianças e jovens que estão sedentos de aprender. “Penso que até vamos receber muito mais do que vamos dar porque, às vezes andamos numa correria e é preciso ver até que ponto vale a pena”, frisou. Sónia Barbosa, também, faz parte da família Dehoniana. A convite do Pe. Juan Noite aceitou o desafio até porque há muitos anos faz voluntariado com crianças e jovens, na catequese e nos escuteiros. Agora, o voluntariado é além fronteiras. Trabalhadora/estudante, esta jovem está disposta a fazer o que for necessário. “Essencialmente, é evangelizar, porque como cristãos, também, temos esse direito e dever de dar aos outros o que aprendemos e dar a conhecer o nosso modo de estar”. Sabe que o que vai encontrar “é completamente diferente do nosso dia-a-dia. Não há estradas de alcatrão, casas, escolas. Nós, aqui temos tudo e reclamamos que queremos mais. Lá, não têm nada e vamos dar tudo o que precisarem”. Elisa Freitas é outra das jovens que participa nas actividades da Juventude Dehoniana. Certo dia manifestou a sua vontade em integrar uma experiência destas. Numa primeira fase, esperava ir por um ano. Acabou por ingressar em algumas acções de formação em Lisboa mas ao entrar na Universidade e porque era muito nova, pensou duas vezes. Depois surgiu esta oportunidade e não hesitou. Vencer as dificuldades O facto das pessoas se conhecerem e já terem desenvolvido actividades conjuntas ajuda muito. Mesmo assim tiveram que ultrapassar muitas dificuldades. “Os apoios não chegavam mas juntos vamos conseguindo”, apontou esta voluntária. Para além de ajudar os outros, nesta missão vai procurar encontrar-se consigo mesma. “É algo, também, pessoal no sentido de me retirar um pouco do ambiente do dia-a-dia, é um encontro comigo mesma para tentar encontrar um rumo e dar-me um pouco, deixar de parte o egoísmo da nossa sociedade”. Delfino Pinto vai, também, sem receios e com a expectativa de conhecer uma nova cultura e ajudar os que precisam porque, “apesar do pouco que temos para dar, podemos fazer muito por eles a partir de pequenos gestos que, se calhar para eles têm muito valor como um abraço, um carinho, uma palavra de atenção”. Importante, também, é o testemunho que o grupo leva. “Quem pensa em deixar as suas férias? Nós até poderíamos estar a descansar num lugar de sonho. É uma viagem que até nos sai cara que podia ser aproveitada de uma forma mais confortável mas vamo-nos deixar “incomodar” por esta experiência. Mas acho que vai ser muito gratificante”. Para além da angariação de apoios, estes jovens tiveram que passar pelo médico do viajante porque vão para uma área muito exposta a doenças, principalmente, a malária. Antigos alunos É a segunda vez que Ana Luisa Santos parte para uma missão em Moçambique onde esteve, pela primeira vez, há seis anos, por ocasião da formação da Associação dos Leigos Voluntários Dehonianos. O projecto estava ligado a uma escola que os padres dehonianos têm na Zambézia, onde eram necessários professores. A escola técnico profissional, recordou, é um pouco diferente das nossas. Ali são formados jovens a partir do 8.º ano para Serralharia Mecânica, Electricidade e Carpintaria. Na altura, esta voluntária foi incumbida de diversas tarefas, uma das quais, dar formação. Por isso, quatro anos depois espera encontrar antigos alunos. Recentemente, viu uma foto de um ex-aluno que, agora, se encontra a dar aulas às crianças. A experiência foi gratificante que, este ano vai repeti-la pois considera que, quando os jovens, são verdadeiramente estimulados aderem às iniciativas.

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