Jovens do Porto alimentam chama ecuménica

Igrejas Católica, Metodista e Lusitana promovem iniciativas concretas de unidade O movimento ecuménico no Porto, com um passado de algumas décadas, tem sabido suscitar, ao longo dos anos e mais recentemente, diversas iniciativas conjuntas que não se resumem apenas à Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos como o Serviço Religioso Ecuménico no Hospital de S. João; Encontros-Convívios das Igrejas Cristãs e diversas iniciativas no âmbito do Grupo Ecuménico Jovem (marchas, celebrações pela Paz e o Fórum Ecuménico Jovem). Apesar de, tradicionalmente, a questão ganhar mais destaque no nosso país de 18 a 25 de Janeiro, ano após ano, não se pode falar de ecumenismo “adormecido” no Porto. Recentemente foi constituída uma Comissão Ecuménica com representantes das diversas Igrejas que reúne regularmente com vista a criar as condições para que possa “germinar” um “ecumenismo no quotidiano”, intensificando os contactos, dando a conhecer as experiências ecuménicas locais, promovendo momentos de reflexão/oração, preparando as diversas celebrações, estimulando a difusão de um espírito de paz e reconciliação entre as diversas comunidades eclesiais para que possam oferecer à Sociedade um testemunho comum. Para o Pe. Luis Mateus, Director do Secretariado Diocesano da Pastoral Juvenil, os jovens são um dos principais motores desta realidade, sobretudo através do Grupo Ecuménico que congrega as Igrejas Católica, Metodista e Lusitana. No passado sábado (dia 20 de Janeiro), cerca de 30 jovens destas igrejas viveram o ecumenismo de variadas formas. “Tivemos testemunhos sobre os visitadores prisionais, de pessoas que trabalham com crianças e com famílias anónimas” – sublinhou. Em sintonia esteve o bispo Sifredo Teixeira, da Igreja Metodista, que considerou estas iniciativas enriquecedoras porque “os jovens têm oportunidades de se conhecerem melhor”. Este grupo reúne-se mensalmente, em encontros onde estão presentes também jovens do Movimento dos Focolares. “Todos os anos procuramos algumas actividades para os jovens: Na altura do Natal realizamos os cantares de Natal, na altura do Pentecostes fazemos também uma Vigília que congrega os jovens das três Igrejas, relata o Pe. Mateus, que destaca a existência de um trabalho de “continuidade”. Este encontro vem numa “sequência de caminhada” – disse o Pastor Jorge Pina Cabral, da Igreja Lusitana. Ao falar da caminhada juvenil na diocese do Porto, o bispo Sifredo realça que estes estão “muito próximos e aproveitam para fazerem algo em conjunto”. Com mentalidade mais aberta, os jovens “estão disponíveis para o diálogo”. O lema «Ele faz os surdos ouvirem e os mudos falarem» teve repercussões na juventude presente porque tiveram “oportunidade de ouvir falar sobre experiências de pessoas envolvidas no voluntariado junto dos que sofrem”. Cada grupo é independente nos seus trabalhos mas o “elo de ligação é Cristo”. Se o testemunho é fundamental na caminha ecuménica, as actividades lúdicas também têm o seu espaço. “Fizemos um Peddy-paper com os jovens divididos em três grupos” – referiu o Pe. Luis Mateus. Ao avaliar o trabalho realizado, o responsável deste sector da pastoral considerou o “empenho muito positivo”. O Ecumenismo vive em função da realidade de cada local mas os jovens do Porto “herdamos uma boa tradição”. E acrescenta: “somos beneficiários do clima positivo” – confessou o Pastor José Cabral. Um caminho longo A dinâmica da Diocese do Porto não se repete em muitas partes do país, mas importa lembrar que “a presença das outras igrejas não é tão marcante” como ali. O Pe. Luis Mateus lembra, por exemplo que “em Braga e no Patriarcado de Lisboa também há um trabalho interessante”, fruto dos dinamismos dos secretariados e das próprias Igrejas. “Este é um trabalho que muitas vezes não é visível, mas que lança sementes”, assinala. Para que a estrada do ecumenismo não estagne neste diocese, o grupo continuará a reunir e “a pensar noutras actividades para criar raízes mais profundas” – frisou este sacerdote da Igreja Católica. Apesar do número de jovens não ser muito significativo, “não há o perigo da chama ecuménica estar a diminuir” – realça o bispo Sifredo Teixeira. Com raízes fortes no norte de Portugal, o Ecumenismo exige um “tempo de maturação” – admitiu o pastor da Igreja Lusitana. Existem diferenças eclesiológicas mas “todos comungamos do mesmo baptismo em Cristo”. E finaliza: “apesar da Igreja católica ser, tradicionalmente e sociologicamente, maioritária, nota-se um grande desejo de fazer caminho”. Em 2007, a cerimónia de encerramento da semana de oração será no Porto, no próximo dia 25. A celebração, na Igreja da Trindade, reconhece, de alguma forma, a longa tradição ecuménica da Cidade.

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