Projeto intergeracional dinamiza Alcoutim e combate efeitos da desertificação
Lisboa, 22 fev 2012 (Ecclesia) – Cerca de uma dezena de jovens lisboetas, na sua maioria estudantes universitários, fazem-se todos os meses à estrada, rumo a Alcoutim, na diocese do Algarve, para levarem vida nova a um Concelho pobre e envelhecido.
O padre Atalívio Rito, que acompanha a população daquela região há mais de 20 anos, refere à mais recente edição do semanário Agência ECCLESIA que este projeto, desenvolvido pelo Movimento ao Serviço da Vida (MSV), tem sido decisivo para devolver a “alegria” e o “calor familiar” a uma comunidade onde “reina a solidão, a terceira idade, a viuvez e o luto”.
A falta de perspetivas de emprego, devido à falência da indústria e do comércio local, fez com que muitas pessoas abandonassem Alcoutim, em busca de um futuro melhor.
Só na última década, a população daquele município do distrito de Faro caiu praticamente para metade, cifrando-se agora em menos de três mil habitantes, na sua maioria idosos, distribuídos por montes e pequenas aldeias completamente isoladas.
No meio desta “pobreza habituada”, onde a palavra crise não faz sentido porque “as pessoas sempre viveram com o mínimo”, sublinha o padre Atalívio, os jovens do MSV, na sua maioria estudantes universitários, acabam por levar também às pessoas “a única pastoral possível, a do coração a coração”.
Para ajudar a preservar a religiosidade destas pequenas comunidades, eles constroem pequenos nichos de oração, em cada aldeia ou monte por onde passam, normalmente dedicados a Nossa Senhora.
Apesar da sua simplicidade – em xisto e com cerca de um metro de altura – estes oratórios improvisados têm contribuído para aproximar as comunidades locais, inclusivamente pessoas que estavam desavindas há anos, revela Tiago Cartaxo, um dos participantes no chamado “projeto Alcoutim”.
“Há montes onde, devido a situações relacionadas com terrenos e partilhas, as pessoas deixaram de falar umas com as outras e é fantástico quando nós conseguimos criar ali momentos de comunidade, de oração em conjunto”, salienta o voluntário de 29 anos.
Já com vários anos de ligação ao MSV e às gentes de Alcoutim, Tiago destaca sobretudo a “sensação fantástica” de poder participar num trabalho “muito importante”, quer para o interior algarvio quer para a formação dos mais novos, que “voltam para casa cheios de alegria, com a sensação de dever cumprido”.
Uma vez por mês, os grupos de jovens visitam não só os montes e aldeias mas também o Lar de Alcoutim, “criando momentos de animação conjunta e de conversa mais individual, reforçando assim a relação de confiança que se vai criando entre idosos e voluntários”, explica a diretora do MSV, Madalena Vasconcelos.
Com projetos em Portugal e no Brasil, também ao serviço de crianças em risco e dos pobres e sem-abrigo, o MSV está neste momento a deparar-se com “sérias dificuldades” para continuar a sua missão; no que diz respeito ao “Projeto Alcoutim”, os gastos ascendem a cerca de 4500 euros por ano.
JCP