O jornal do Vaticano, L’Osservatore Romano, denunciou o “racismo” dos italianos, na sequência dos confrontos ocorridos neste Sábado em Rosarno, no sul da Itália.
“Além de repugnantes, os episódios de racismo de que a imprensa se fez eco fazem-nos regressar ao ódio mudo e selvagem para com outra cor de pele que acreditávamos ter desaparecido”, escreve o jornal na sua edição de 11-12 de Janeiro.
“Por uma vez, a imprensa não exagera: uma viagem de comboio, um passeio no parque ou um jogo de futebol não deixam dúvidas. Nós, italianos do norte ao sul, nunca brilhámos pela nossa abertura”, acrescenta o articulista, num texto que relata os episódios de racismo ao longo dos séculos.
Segundo o jornal, “o exemplo americano não serviu de nada”. Apesar da “‘Obama-mania’” que se revelou “da política à arte, do estilo à linguagem”, “o valor do encontro entre as diversas raças” continua a não ser reconhecido.
Durante a oração do Angelus deste Domingo, o Papa Bento XVI afirmou que o imigrado é “um ser humano que deve ser respeitado”.
Um milhar de imigrados africanos foram compelidos a deixar Rosarno, após confrontos que fizeram 67 feridos – 31 estrangeiros, 17 locais e 19 polícias.
As hostilidades tiveram início na Quinta-feira, quando dois africanos foram vítimas de um ataque com uma arma de ar comprimido. O episódio desencadeou uma violenta reacção da comunidade estrangeira, que danificou viaturas, montras e cestos de lixo. Os manifestantes bloquearam estradas e, na Sexta-feira, realizaram uma marcha de protesto.
Os italianos que moram em Rosarno, uma povoação com 15 mil habitantes, reagiram ao clima hostil. Há relatos de habitantes que saíram de casa com barras de madeira e metal. A polícia foi chamada para terminar os confrontos.
“Em Rosarno permanecem muitos cidadãos estrangeiros que vivem normalmente neste território e que continuarão aqui”, afirmou o presidente do município, Domenico Bagnato.
Com Agências