Historiadores e jornalistas analisam em Fátima as dinâmicas do relacionamento entre católicos e o Estado
O Secretariado Nacional das Comunicações Sociais (SNCS) da Igreja vai associar-se ao debate sobre os 100 anos da República, em Portugal, juntando historiadores e jornalistas para discutir as dinâmicas do relacionamento entre católicos e o Estado.
“O país inteiro está a falar sobre um acontecimento que gerou confrontações no ponto de vista ideológico, funcional, político e eclesial”, explica o cónego António Rego, director do SNCS.
O tema estará em cima da mesa nas Jornadas Nacionais da Comunicação Social, uma iniciativa anual que desta feita tem como título “República-Comunicação-Igreja”, decorrendo em Fátima nos dias 23 e 24 de Setembro.
“Porque muitas vezes se fala com uma visão oblíqua do próprio problema, quisemos desestruturar um pouco”, indica o cónego António Rego.
No convite que endereçou aos jornalistas, D. Manuel Clemente, presidente da Comissão Episcopal da Cultura, Bens Culturais e Comunicações Sociais, indicava que “o tema deste ano anda nas bocas do nosso mundo”, com “todos os conceitos, preconceitos, factos e fábulas”.
“Gostaríamos de ter o espírito um pouco mais claro no fim destas Jornadas. E, ligando República, Igreja e Comunicação”, escreve o Bispo do Porto.
Segundo o cónego António Rego, nos dois dias das Jornadas a reflexão terá “uma parte histórica sempre em relação com a comunicação social”.
O debate que junta “pessoas dos dois lados” poderá revelar informação que os jornalistas “livremente poderão trabalhar ao longo do tempo que decorrem as comemorações”.
Os trabalhos iniciam-se com uma palavra de abertura de D. Manuel Clemente, seguida da conferência “O poder da comunicação social no início do séc. XX”, pelo historiador António Matos Ferreira.
Na tarde do primeiro dia das Jornadas, 23 de Setembro, tem ainda lugar uma mesa-redonda com a presença de D. Carlos Azevedo, Bispo Auxiliar de Lisboa, e do historiador Fernando Rosas, sobre o tema “Igreja versus República: verdades e mentiras”.
Um ano após o debate sobre a importância dos Gabinetes de Imprensa na Igreja, as Jornadas dedicam uma sessão à avaliação do trabalho feito neste âmbito, apresentando propostas para a consolidação destas estruturas de comunicação nas dioceses e outras instituições eclesiais.
Para o cónego António Rego, importa fazer um balanço entre as dioceses, percebendo de que forma foi acolhido este desafio entre as dioceses.
“O SNCS não é gabinete nacional ou diocesano, nem porta-voz da Conferência Episcopal Portuguesa”, mas uma das preocupações deste serviço é sim “manter contactos com os jornalistas, mas sem substituir as diocese”, fundamenta o responsável.
O segundo dia dos trabalhos inicia-se com um debate sobre “República: Comunicação e Igreja”, com a presença de Emídio Rangel e Francisco Sarsfield Cabral.
Sobre a relação entre media e Igreja, o director do SNCS diz que “neste momento as confissões religiosas têm meios de se dizerem – o que pensam, o que são, o que querem e esperam do mundo, as exigências de cada confissão”.
Concretamente em relação à Igreja Católica, as várias presenças diárias na RTP2, na Antena 1 e na Internet “compõem uma interligação capaz de receber e veicular notícias que chegam a muitos locais”, explica o cónego António Rego.
O trabalho de uma equipa de jovens leigos, “profissionais e empenhados, faz com que a Igreja não esteja dependente de clérigos para esta área”, valoriza ainda o responsável.
Na sessão de encerramento das Jornadas, ao início da tarde de 24 de Setembro, será apresentada a Edição Especial do Semanário Agência ECCLESIA, onde se publica a investigação do Centro de Estudos de História Religiosa da Universidade Católica Portuguesa sobre os acontecimentos em torno da I República.
A entrevista do cónego António Rego ao programa da Igreja Católica na Antena 1 pode ser ouvida no dia 22, Quarta-feira, pelas 22h47.
Programa e mais informações sobre as Jornadas Nacionais das Comunicações Sociais
disponíveis em http://www.ecclesia.pt/jornadas2010/