Iniciativa da Igreja Católica debateu silêncios e silenciamentos, com a presença de especialistas e responsáveis nacionais
Fátima, Santarém, 28 set 2012 (Ecclesia) – As jornadas nacionais de comunicação social promovidas pela Igreja Católica em Fátima concluíram-se hoje após dois dias de trabalho com apelos à responsabilidade dos jornalistas num momento de crise.
“É necessária a contenção para que a comunicação tenha qualidade”, referiu D. Pio Alves, presidente da Comissão Episcopal da Cultura, Bens Culturais e Comunicações Sociais.
O também bispo auxiliar do Porto destacou a análise feita à necessidade de regulação e aos “constrangimentos” de todo o tipo nos media.
Durante os trabalhos, o antigo líder social-democrata Luís Marques Mendes disse que o panorama em torno da comunicação social é “particularmente sombrio” face à atual crise económica, com riscos para a liberdade e a democracia em Portugal.
“As ameaças à liberdade de imprensa virão menos das pressões políticas e mais das dependências económicas”, destacou o conselheiro de Estado, na intervenção intitulada ‘Liberdade, responsabilidade, regulação’.
Já o presidente da Entidade Reguladora para a Comunicação Social sublinhou que o jornalismo português está a ser vítima de uma “doença silenciosa”, por falta de tempo para a reflexão.
Durante uma intervenção subordinada ao tema ‘Silêncios e silenciamentos no atual contexto mediático’, Carlos Magno realçou que a “agenda mediática portuguesa está cartelizada” e que existe “uma overdose de notícias”.
Antes, durante uma reflexão acerca do tema ‘Silêncios e silenciamentos na comunicação do religioso’, o diretor do Secretariado Nacional da Pastoral da Cultura tinha realçado que a Igreja muitas vezes transmite “mal” aquilo em que acredita e aproveita “pouco” os espaços propícios à transmissão da sua mensagem.
Para o padre José Tolentino Mendonça, a hierarquia católica tem hoje o “dever” de explicar a mensagem de Cristo a um mundo que já “não o entende”, seja através da utilização dos órgãos de comunicação social ou por intermédio de estruturas próprias, desde que privilegiem o “profissionalismo e a competência”.
A presença da Igreja Católica no mundo da comunicação é “parte da sua missão”, disse, por seu lado, D. Nuno Brás, vogal da Comissão Episcopal da Cultura, Bens Culturais e Comunicações Sociais.
“A Igreja não pode deixar de estar presente no mundo mediático”, referiu o bispo auxiliar de Lisboa.
D. Pio Alves deixou alertas, a este respeito, no final dos trabalhos.
“Nos variados meios de comunicação social em que a Igreja está formalmente, penso que se impõe com urgência pensar, repensar a real criação de sinergias”, disse.
Esta jornada, dedicada ao tema ‘Silêncios e os silenciamentos’ nos media, inspirou-se na mensagem do Papa para o Dia Mundial das Comunicações Sociais 2012 e decorreu no Seminário do Verbo Divino, com a presença de cerca de centena e meia de participantes.
OC