Jornada dos mártires em Roma recordou D. Romero e Marianella Garcia

Após as celebrações da Páscoa, muitos cristãos em Roma fizeram memória dos 28 anos de martírio de D. Oscar Romero, 25 de Marianella Garcia e os inúmeros mártires da caminhada ao redor do planeta. O evento organizado por associações, igrejas e congregações religiosas, contou com a presença de D. Demetrio Valentin, presidente da Caritas Brasileira e bispo de Jales, SP, de Ana Ortiz Luna com um grupo de pessoas de El Salvador. A jornada teve início no dia 27 de Março com a exibição do filme “Romero” e apresentação de testemunhos de El Salvador no auditório da Unicef em Roma. No dia 28, no período da tarde, também aconteceram testemunhos e houve uma amostra fotográfica sobre a realidade de El Salvador. No mesmo dia, às 19 horas aconteceu uma celebração Ecumênica na Igreja São Marcelo ao Corso com a presença de mais de 350 pessoas entre religiosos e leigos. D. Demetrio Valentin recordou que o martírio “dá um sentido autêntico a toda a vida oferecida pelo bem do povo” e que “todos devemos empenhar a nossa vida a serviço do reino que o Cristo trouxe”. Ana Ortiz Luna, da coordenação das comunidades eclesiais de base de El Salvador deu um depoimento a respeito da realidade do seu país. Filha de catequista, teve seu irmão sacerdote, Octavio Ortiz Luna, o primeiro sacerdote ordenado por D. Oscar Romero, assassinado em 1979 pelas Forças Armadas. Logo depois aconteceu o mesmo com outros quatro irmãos seus. A família teve fugir para as Honduras para não ser dizimada. O sofrimento de tanta gente nos 12 anos de guerra “me chama, me motiva e me inspira a continuar trabalhando por um mundo melhor”, comentou Ana. A pastora Silvia Rapisarda que também fez uma reflexão a partir do protagonismo das mulheres no anúncio da ressurreição lembrou que os mártires “souberam tirar do Evangelho uma inspiração tão forte que foram capazes de dar até a própria vida pela causa da justiça”. E ainda recordou que num mundo tão idolatra como o actual, os mártires tiveram a “capacidade de reconhecer o verdadeiro Deus e a coragem de contestar todos os ídolos”. No Sábado, dia 29, pela manhã, uma mesa-redonda sobre a caminhada da Igreja na América Latina à luz de Aparecida reuniu cerca de 30 pessoas num salão da Igreja São Lino. Rosa Mendes, uma brasileira de Feira de Santana, BA, há 17 anos em Roma, fundadora da Associação de Mulheres Brasileiras na Itália, partilhou a sua experiência de migrante e as iniciativas de promoção da mulher migrante na cidade de Roma na área de apoio jurídico e pequenos projectos que valorizem a profissão que já exerciam no Brasil. Em seguida D. Demetrio fez um apanhado dos principais momentos do encontro do CELAM no ano de 2007 em Aparecida e os principais desafios que brotam da Conferência. “Os valores do Evangelho que a Igreja da América Latina por graça especial de Deus, assumiu de maneira tão espontânea, tão profunda, tão autêntica, não devem ser perdidos”, reiterou. Às 19 horas D. Demetrio Valentin presidiu à Eucaristia na mesma comunidade. Na manhã do Domingo, 30 de Março, houve uma procissão que saiu da Praça Mastai em direção a Igreja Santa Maria della Luce, no conhecido bairro de Trastevere em Roma, que acolhe as comunidades Latino-Americana e Brasileira para suas actividades. Durante o caminho foram recordados momentos importantes da vida de Marianella Garcia. Na Igreja foi apresentado um vídeo sobre a luta de Marianella na defesa dos direitos humanos em El Salvador. Durante a missa, D. Demetrio animou os migrantes a serem testemunhas do Cristo Ressuscitado neste continente Europeu. “Os migrantes precisam se sentir profetas das transformações urgentes que precisam acontecer no mundo inteiro”, conclui o bispo. Para Inês Terezinha Manfrin, paranaense, três anos em Roma, da equipe de acolhimento e voluntária da comunidade Brasileira, o evento foi muito importante por recordar pessoas que não tiveram medo da verdade e “deram a vida para anunciar o Evangelho, exactamente o que estamos a viver neste período de Páscoa”. Gianni Novelli, do CIPAX (Centro Interconfessional pela Paz), uma das entidades organizadoras, mostrou-se muito contente com a participação das pessoas. “É um grande sinal de vida, esperança, memória e, sobretudo trabalho em favor da justiça”, sublinhou. A jornada será concluída no Sábado, 5 de Abril, com um Congresso que recordará Marianella e seus irmãos tendo por tema “Dar a vida pelos direitos humanos em El Salvador”, na Universidade de Roma. Arlindo Pereira Dias, Missionário do Verbo Divino, Membro do Conselho Geral da congregação.

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