Jornada Bíblica do Algarve destaca «riqueza artística e espiritual» do Evangelho segundo São Mateus

Texto bíblico será o mais lido nas missas celebradas no ano litúrgico que começou este Domingo

Cerca de 170 pessoas participaram este Sábado na 3.ª Jornada Bíblica da Diocese do Algarve, dedicada a São Mateus, a quem é atribuída a autoria de um dos quatro evangelhos.

O bispo do Algarve, D. Manuel Quintas, abriu o encontro realizado no Centro Pastoral e Social de Ferragudo com um apelo à leitura da mais recente exortação apostólica do Papa Bento XVI, intitulada “Verbum Domini” (“A palavra do Senhor”).

O primeiro conferencista, padre Mário de Sousa, assinalou que o texto de São Mateus, predominante nas leituras que vão ser proclamadas nas missas durante o ano litúrgico que começou este Domingo, é marcado por uma “riqueza artística e espiritual muito grande”.

De acordo com o sacerdote de 39 anos, a narrativa centra-se na “polémica com o Judaísmo”, nos “problemas internos” da assembleia cristã e na noção de “comunidade urbana já com alguma organização”.

O orador afirmou que o texto, escrito provavelmente “entre a década de 70 e 80”, pode ser dividido em cinco partes: sermão da montanha, pregação missionária, parábolas, alocução eclesial e discurso escatológico, isto é, que aponta para as realidades posteriores à vida terrestre.

Por seu lado, o cónego José Morais Palos, 53 anos, acentuou que este escrito contém elementos ligados aos actos religiosos do Judaísmo.

O director do Instituto Superior de Teologia de Évora salientou igualmente a importância das parábolas nos evangelhos “sinópticos”, designação dada aos textos atribuídos ao apóstolo Mateus, a Marcos e a Lucas por seguirem o mesmo esquema fundamental.

No entender do investigador, as parábolas fazem parte de um dos géneros literários “mais específicos” da Bíblia, revelando “a forma mais genuína como Jesus comunicou a sua mensagem”.

A mesma parábola, salientou o sacerdote, pode ser narrada em contextos diferentes e apresentar interpretações distintas, de acordo com a comunidade a quem os evangelistas se dirigiam

“O que conta é o sentido global, independentemente dos detalhes”, explicou o cónego José Morais Palos, acrescentando que a parábola “é uma narração fictícia, criada num contexto preciso com uma finalidade”, mas que “não pode entender-se como mera ficção”.

A Jornada Bíblica, que a partir de agora se realizará no Sábado que antecede o primeiro Domingo do Advento, terminou após a “Lectio Divina”, oração baseada em textos da Bíblia que, entre outras fases, compreende a leitura do texto, meditação, preces e contemplação.

Samuel Mendonça / Agência ECCLESIA

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