Jorge Sampaio foi ontem nomeado pelo Secretário-Geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, como o primeiro Alto Representante para a Aliança das Civilizações e anunciou já como “essencial” a resolução do conflito israelo-palestiniano para o diálogo entre o mundo ocidental e o Islão. O Grupo de Alto Nível da Aliança das Civilizações foi criado pelo ex-Secretário-Geral Koffi Annan por proposta dos primeiros-ministros da Espanha e Turquia, na sequência de acontecimentos violentos em vários pontos do mundo que ampliaram medos e incompreensão entre países árabes e o ocidente. Trata-se de uma iniciativa em claro contraponto ao propagado “choque de civilizações”. Jorge Sampaio revela que foi inesperado o convite para o cargo de Alto Comissário das Nações Unidas para o Diálogo das Civilizações. “Confesso que o convite foi totalmente inesperado e vai ser uma tarefa muito exigente, mas achei também que era um desafio irrecusável”, sublinhou. “Como na defesa de qualquer causa de tipo humanitário, a causa da Aliança das Civilizações envolve uma parte de utopia que só uma militância firme e uma acção determinada e convicta poderão transformar em realidade”, diz o ex-Presidente da República. As primeiras linhas de acção no seu novo cargo, explica Jorge Sampaio, vão passar por dar “especial atenção à clivagem entre as sociedades ditas ocidentais e muçulmanas, bem como no seio das sociedades ocidentais ao aumento da intolerância, da xenofobia e do extremismo”. A nomeação foi já saudada pelo Governo português e também pelo Executivo espanhol, que apoiou desde a primeira hora a designação de Sampaio. A Igreja Católica aplaude a escolha. O presidente da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP), D. Jorge Ortiga, considera Jorge Sampaio uma óptima escolha, já que é um “homem tolerante que sabe ouvir os outros”. (Com Rádio Renascença)