JOC: Desemprego tornou-se asfixiante

Responsáveis nacionais do movimento católico contestam eventuais medidas que possam impor mais austeridade

Lisboa, 23 ago 2012 (Ecclesia) – A Juventude Operária Católica manifestou-se hoje “muito preocupada” com a atual situação económico-social de Portugal e afirmou que os novos números do desemprego são “asfixiantes”.

“Cada dia que passa aumenta o número de famílias que ficam no desemprego, que não têm possibilidades de pagar as suas habitações, de suportar estudos dos filhos, de construir vida/futuro, enfim de viver com alguma dignidade”, refere a presidente da organização, Elisabete Silva, numa declaração enviada à Agência ECCLESIA.

Segundo os últimos dados divulgados pelo IEFP, o número de inscritos nos centros de emprego aumentou 25 por cento em julho em termos homólogos e agravou-se 1,5 por cento face ao mês anterior, para 655 342 desempregados.

No final de julho, encontravam-se inscritos nos centros de emprego do Continente e das Regiões Autónomas mais 131 224 indivíduos do que um ano antes.

A tomada de posição da JOC, face a este quadro, destaca a ausência de “investimento no crescimento” e afirma que o Governo “pretende agravar o problema, aumentando a austeridade e retirando o 13.º mês aos privados”.

“Além deste ser um direito adquirido e indiscutível, esta medida só irá contribuir para o crescimento das taxas de desemprego agora anunciadas e para o empobrecimento da população, uma vez que terá como consequência direta e certa a retração ainda mais forte da economia”, refere a presidente do movimento católico.

As críticas estendem-se à implementação do programa Impulso Jovem: “O que temos até ao momento são empresas a pagar salários abaixo da média nacional e apenas 22% dos contratados estão ‘sem termo’”.

Elisabete Silva sublinha que os jovens são “o grupo etário mais afetado” pela atual conjuntura e olham para a emigração como “uma possibilidade muito forte” para o seu futuro.

“Sendo Portugal um país com tradição de emigração, para muitos esta pode ser entendida como uma situação normal, como um ciclo da vida, mas a verdade é que não o é”, alerta a responsável, para quem “emigrar está quase a tornar-se numa obrigação para quem quer continuar viver de forma minimamente digna”.

A presidente da JOC questiona qual a dignidade do “jovem emigrante que se separa da família, que deixa tudo e todos no seu país de origem para ir ganhar dinheiro”.

“O homem, que construiu e desenvolveu a sociedade e o sistema económico para o seu bem-estar, é agora escravo deste mesmo sistema, vive, ou melhor, procura a sobrevivência em função dele”, refere.

Manuela Silva, do Grupo Economia e Sociedade, sustenta, por sua vez, que as alternativas para superar a atual situação devem ser encontradas “fora do espartilho deste modelo neoliberal de capitalismo, que manifestamente entrou em irreversível rutura e carece de urgente inovação democrática”.

OC

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