João Paulo II reconheceu ontem no Vaticano que o relacionamento que os católicos devem oferecer a todos os imigrantes é marcado por “incógnitas e dificuldades”, particularmente com os muçulmanos. “A integração entre povos que pertencem a religiões e culturas diferentes nunca está isenta de incógnitas e dificuldades. Isto vale, em particular, para a imigração dos crentes muçulmanos, que propõe problemas específicos”, disse o Papa ao receber os participantes da Assembleia Plenária do Pontifício Conselho da Pastoral para os Migrantes e os Itinerantes. Estas dificuldades tinham sido abordadas na instrução “A caridade de Cristo para com os imigrantes”, publicada a14 de maio pelo mesmo Conselho Pontifício. Uma palavra especial é dada às relações entre Cristãos e Muçulmanos, particularmente importante na situação internacional, com a Santa Sé a convidar a “purificar a memória das incompreensões do passado, a cultivar os valores comuns e a esclarecer e respeitar a diversidade”. Ontem o Papa assinalou que “a integração no plano social e a interacção no plano cultural tornaram-se o pressuposto necessário para uma verdadeira convivência pacífica entre as pessoas e as nações” “A comunidade cristã é chamada hoje a enfrentar situações profundamente diferentes em relação ao passado. Uma delas é certamente o maciço fenómeno migratório, de onde surgiu o pluralismo étnico, cultural e religioso que caracteriza, em geral, as actuais sociedades nacionais”, acrescentou. João Paulo II destacou a necessidade de cada pessoa se aproximar de todas as culturas com uma atitude respeitosa, “consciente de que não tem somente algo a dizer e a doar, mas muito a escutar e a receber”.
