Autoridade da hierarquia e da lei moral foram outros dos temas, no encontro com os membros da Congregação para a Doutrina da Fé João Paulo II reafirmou hoje a importância do celibato sacerdotal na Igreja Católica, vincando que as eventuais transgressões devem ser punidas. O Papa falava aos participantes da Sessão Plenária da Congregação para a Doutrina da Fé, o organismo mais importante da Cúria Romana, a quem pediu que adoptem “as medidas necessárias para assegura que os clérigos vivam consoante o seu compromisso de perfeita e perpétua castidade”. Na prática, isto quer dizer que as medidas a tomar, em caso de transgressão, serão mais duras. “Uma vez comprovado o delito – acrescentou João Paulo II – é preciso, em todos os casos, avaliar o que seja o justo princípio da proporcionalidade entre culpa e pena, bem como a exigência de tutelar o povo de Deus”. Segundo o Papa, os futuros sacerdotes devem ter uma formação “justa e equilibrada” para abraçar um modo de vida “humilde, modesto e casto”. A LEI MORAL Aos membros da Congregação para a Doutrina da Fé, presidida pelo cardeal Ratzinger, o Papa recordou a importância da “lei moral natural”, com grande importância na doutrina da Igreja. De facto, este princípio permite, de acordo com a tradição eclesiástica, uma aproximação entre as diversas confissões, religiões e culturas. João Paulo II manifestou-se contra a difusão de “uma moral de carácter fideísta”, esclarecendo que os princípios universais da lei moral natural não dependem de nenhuma crença particular. No plano político, esta desvalorização dá origem, de acordo com o Papa, à “falta de uma referência objectiva para as legislações”, baseadas no consenso social que João Paulo II contesta. “Apenas sobre a lei moral natural se pode construir uma plataforma de valores, partilhados, em torno dos quais se desenvolva um diálogo construtivo com todos os homens de boa vontade”, concluiu. MAGISTÉRIO E RECEPÇÃO O Papa manifestou-se ainda preocupado com a “recepção dos documentos magisteriais”, que considera contaminada pelas “reacções imediatas e as interpretações dos meios de comunicação social”. João Paulo II recordou que as posições da hierarquia devem ser consideradas “palavras da autoridade, que fazem luz sobre uma verdade de Fé ou alguns aspectos da doutrina católica contestados ou desviados em algumas correntes de pensamento e acção”. O discurso de hoje atacou “o relativismo difuso” e a “tentação do pragmatismo”, que o Papa contrapôs ao anúncio do Evangelho como “testemunho de vida”.
