Crise humanitária no Darfur deixa o Papa «muito preocupado» João Paulo II está muito preocupado com a situação das populações do Darfur, região ocidental do Sudão, e enviou hoje para a região o arcebispo Paul Cordes, presidente do Conselho Pontifício Cor Unum. “A catastrófica situação humanitária no Darfur é um motivo de grande preocupação para o Papa João Paulo II”, diz a carta de missão endereçada ao arcebispo Cordes, enviado especial do Papa ao Sudão, hoje publicada pelo Vaticano. O arcebispo Cordes viajou para o local, acompanhado do subsecretário do Conselho Pontifício Cor Unum, D. Gianpietro Dal Toso, para avistar-se com os máximos representantes da Igreja sudanesa, em particular, com o cardeal Zubeir Wako, arcebispo de Cartum, e com o arcebispo François Joseph Mamberti, núncio apostólico no Sudão. “Com a assistência das Nações Unidas, D. Cordes viajará à região de conflito de Darfur, onde cada vez é mais difícil transitar por causa dos confrontos, e visitará os campos de refugiados em Nyala”, explica uma nota do conselho pontifício Cor Unum, encarregado de promover e organizar a obra de assistência e solidariedade da Igreja Católica. O Papa manifesta assim a sua vontade de “dirigir-se à comunidade católica e a toda a população do Sudão, na sua necessidade, especialmente na região do Darfur, assegurando a sua proximidade, solidariedade e orações”. O gesto do Vaticano espera chamar a atenção da comunidade internacional, de modo a que “a população do Darfur receba toda a ajuda humanitária necessária, de modo particular durante a sessão das chuvas que se aproxima e que torna a sua sobrevivência ainda mais difícil”. Desde Fevereiro de 2003, a região de Darfur, é cenário de um violento confronto entre dois grupos rebeldes – o Movimento para a Justiça e a Igualdade (JEM) e o Exército-Movimento de Libertação do Sudão (SLA-M)- e o exército regular sudanês. A guerra provocou mais de um milhão de refugiados e quase 30 mil mortos. Segundo a ONU, mais de uma centena de pessoas morre por dia no Darfur, por causa da fome e da guerra. A Caritas Internationalis, confederação de 154 organizações católicas de ajuda, desenvolvimento e serviço social, já alertou para os números da crise humanitária no Darfur, província sudanesa, assinalando que mais de 1 milhão e 200 mil pessoas foram forçadas a abandonar os seus lares e estão espalhadas por um território duas vezes superior ao de França. A organização católica assinala que uma em cada pessoa está subnutrida na região, número que poderá subir para uma em cada duas já em Outubro, segundo as previsões da ONU. “As Nações Unidas estimam que mesmo que a ajuda internacional seja imediatamente entregue, 300 mil pessoas estão em risco de morte”, aponta a Caritas Internationalis.
