Padre Roberto Sousa recorda como o Papa polaco conseguiu, através daquele símbolo, «entrar no coração» dos mais novos
Lisboa, 24 abr 2014 (Ecclesia) – As cerimónias de canonização de João XXIII e João Paulo II, marcadas para este domingo em Roma, vão contar com a presença da cruz que o Papa polaco ofereceu aos jovens do continente europeu em 1987, em Buenos Aires.
A cruz já está em trânsito para o Vaticano, tendo partido da Diocese do Porto, depois de uma cerimónia de envio na Vigararia de Gaia-Sul.
Em entrevista à Agência ECCLESIA, o assessor vicarial de pastoral juvenil em Gaia-Sul, padre Roberto Sousa, destaca a importância de um “tesouro” através do qual o Papa polaco conseguiu cativar os jovens.
“A cruz é incompatível com a juventude, lembra sofrimento, morte” mas para João Paulo II aquele símbolo “era a pessoa de Jesus, e o centro da cruz era o amor”, recorda o sacerdote.
“Mesmo através de um símbolo tão pesado, no século XXI, quando o mundo tenta vender outras coisas, nada como a cruz, João Paulo II soube ir à essência, e foi aí que entrou no coração dos jovens”, salienta aquele responsável.
Em 1984, durante o Jubileu Internacional da Juventude em Roma, João Paulo II entregou a cerca de 300 mil jovens de todo o mundo uma cruz de madeira como sinal do amor de Jesus pela humanidade, e incentivou os participantes a serem testemunhas no mundo da vida nova oferecida por Cristo.
Dois anos depois, essa cruz foi usada durante a primeira jornada mundial da juventude (JMJ), evento criado por Karol Wojtyla, e que teve lugar em Roma.
Atualmente existem mais cinco cruzes, que circulam pelos cinco continentes, para possibilitar a todos os jovens contactarem com o símbolo das jornadas, e não apenas aqueles onde a reunião mundial tem lugar.
Neste momento, está em marcha um projeto que pretende juntar os seis símbolos em Cracóvia, cidade polaca onde vai acontecer a próxima JMJ, em 2016.
Segundo o padre Roberto Sousa, já estão a ser estabelecidos “contactos com outros continentes” no sentido de renovar uma dinâmica que nunca chegou a ser plenamente concretizada.
Apesar de ter sido criada para andar permanentemente em circuito pelos diversos países, a Cruz da Europa apenas tem andado “por Portugal e Espanha”.
Quanto aos símbolos entregues aos outros continentes, sabe-se apenas que “a Cruz de África tem circulado” através da ação de “grupos missionários”.
“João Paulo II sonhou muita coisa que já está a acontecer, mas outros sonhos terão de ser os jovens a concretizar”, sublinha o sacerdote.
Em marcha está também outro projeto, relacionado com a vinda do Papa Francisco a Portugal, prevista para 2017.
A ideia é que a Cruz da Europa possa “circular por todas as dioceses, aproximadamente um mês em cada diocese” e que depois saia do país para percorrer o resto do Velho Continente.
HM/JCP