João Paulo II condenou os ataques “cada vez mais fortes e radicais” contra os valores do matrimónio e a família, advertindo que isso lhes causa “danos irreparáveis”. “Nenhum progresso civil pode advir da desvalorização social do matrimónio e da perda de respeito pela dignidade inviolável da vida humana”, apontou. Ao receber este sábado no Vaticano os participantes no Fórum das Associações Familiares, o Papa recordou a validade “irrenunciável” da união entre homem e mulher sob forma de matrimónio, que origina a família. Para o Papa, as instituições do matrimónio e da família são na actualidade objecto de ataques “tanto na vertente ideológica como na normativa”. “Quem destrói este tecido fundamental da convivência humana causa uma ferida profunda à sociedade e provoca-lhes danos irreparáveis”, disse. O discurso do Papa foi particularmente contundente ao criticar “as tentativas de reduzir a família a uma experiência afectiva privada”, criticando também as tendências para “equiparar a simples convivência à união matrimonial real”. O Papa condenou igualmente o aborto voluntário como “supressão de vidas humanas” e “os processos de gestação com formas artificiais de procriação”. João Paulo II considerou ainda que os progressos científicos não são um valor absoluto e que “em muitos casos representam, de facto, uma derrota para a dignidade humana e para a sociedade”. “O legítimo desejo de um filho ou da saúde não pode transformar-se num direito incondicional, a ponto de justificar a supressão de outra vida humana”, assinalou ainda. Em conclusão, o Papa pediu que os católicos não cedam “às pressões de uma cultura que ameaça os fundamentos do respeito pela vida e pela promoção da família”.
