João Paulo II: Cardeal Saraiva Martins fala de um «místico»

Antigo prefeito da Congregação para as Causas dos Santos recorda episódios em que o Papa polaco esquecia tudo o resto para rezar

Cidade do Vaticano, 26 abr 2011 (Ecclesia) – O cardeal português José Saraiva Martins, antigo colaborador de João Paulo II, recorda o Papa polaco como um “místico”, muitas vezes desligado do que o rodeava quando se encontrava em oração.

“Ele era um homem de oração, sem dúvida, que se recolhia frequentemente para rezar, e era uma oração contagiosa. Para mim era um grande místico”, assinala o prefeito emérito da Congregação para as Causas dos Santos (CCS), em entrevista publicada na edição especial do semanário Agência ECCLESIA, dedicada à beatificação de João Paulo II, cerimónia que vai ter lugar a 1 de maio, no Vaticano.

O cardeal Saraiva Martins foi nomeado para o cargo, na CCS, em 1998, pelo Papa polaco, com quem trabalhou de perto até à morte deste.

“Quando ia ter com ele, por motivos de trabalho, antes do almoço ele levava-nos sempre à sua capela privada: chegávamos, ele ajoelhava-se e estava lá muitíssimo tempo, como se nada existisse além de Deus, completamente elevado ao céu”, relata.

Pela sua experiência pessoal, o responsável português não hesita em afirmar que o futuro beato “é um místico, um verdadeiro místico”.

“O espírito de oração foi uma das coisas que mais me impressionou nele, não só em Roma, mas também nas viagens apostólicas, em que muitas vezes acontecia a mesma coisa. De manhãzinha, cedo, ainda nós estávamos na cama e já ele estava na capela a rezar e à noite, também”, recorda.

O prefeito emérito da CCS era o responsável por este processo quando a causa de beatificação de João Paulo II começou, em 2005.

“A beatificação tem, naturalmente, um significado especial, porque Deus me concedeu de contribuir de maneira decisiva para ela”, assinala, acrescentando que, para si, “o dia 1 de maio é um dia verdadeiramente extraordinário”.

“A vida de João Paulo II foi toda iluminada pela fé, todo o seu pontificado foi uma expressão disso, o seu ministério apostólico não era mais do que a vontade que ele tinha de divulgar esta fé, em Cristo”, aponta.

O cardeal Saraiva Martins destaca ainda “uma humanidade que comovia” no falecido Papa polaco, “um exemplo maravilhoso, sobretudo quando há tanta falta de fé no mundo de hoje”.

A beatificação de João Paulo II, no Vaticano, vai ser presidida pelo seu sucessor, Bento XVI, que vai apresentar o Papa polaco aos católicos como modelo de vida e intercessor junto de Deus e autoriza o seu culto público, inicialmente restrito à Polónia e à diocese de Roma.

O rito constitui a penúltima etapa no processo de canonização, mediante o qual um cristão é declarado santo e se alarga a sua veneração a todas as nações.

OC

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Agência ECCLESIA

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