Processo está nas mãos do Vaticano, explica postulador da causa, padre Slawomir Oder
A beatificação de João Paulo II, falecido em Abril de 2005, está pendente do reconhecimento de um milagre atribuído à sua intervenção por parte do Vaticano.
Em entrevista à Agência ECCLESIA, o postulador da causa de canonização de João Paulo II, padre Slawomir Oder, confessou ser “difícil dizer” quando é que o falecido Papa polaco será beatificado, evitando apontar qualquer data para a cerimónia.
O “advogado” de Karol Wojtyla neste processo, iniciado há mais de cinco anos, esteve em Portugal para apresentar o livro “João Paulo II. Santo”.
As mais de 100 testemunhas que falaram no processo diocesano – cujas declarações são a base do que o Pe. Oder afirma no livro – não são identificadas, embora algumas sejam descritas como membros da equipa papal.
A reconstituição da vida de João Paulo II, a partir do que foi até agora o processo de beatificação, mostra Karol Wojtyla, grande figura do século XX, como um Papa que viveu na sua própria carne a mensagem evangélica, nos limites da pobreza, na humildade, na sensibilidade às necessidades do outro, sempre espirituoso e jovial.
Bento XVI anunciou no dia 13 de Maio de 2005, quarenta e dois dias após a morte de João Paulo II, o início imediato do processo de canonização de Karol Wojtyla, dispensando o prazo canónico de cinco anos para a promoção da causa.
Em Dezembro de 2009, o actual Papa assinou o decreto que reconhece as “virtudes heróicas” de Karol Wojtyla, primeiro passo em direcção à beatificação.
Recorde-se que, num caso semelhante, o de Madre Teresa de Calcutá, a beatificação aconteceu em 2003, seis anos após a sua morte.
O padre Slawomir Oder admite que existem muitas pressões e impaciência, tanto da imprensa como mesmo de muitos fiéis, em relação ao processo de João Paulo II, mas afirma claramente a importância do seu trabalho numa “perspectiva histórica”.
“Temos de tornar objectiva a convicção de santidade”, afirma, precisando que esta é “um dom para a Igreja, hoje e no futuro”.
Nesse sentido, pede aos católicos que saibam “esperar”, explicando que o estudo do caso miraculoso só poderia começar após o reconhecimento das virtudes heróicas, o que aconteceu há menos de um ano.
A segunda etapa do processo de beatificação consiste no exame dos milagres atribuídos à intercessão do “venerável”. Se um deste milagres for considerado autêntico, o “venerável” é considerado “beato”.
Os trâmites processuais para o reconhecimento do milagre acontecem segundo as normas estabelecidas em 1983. A legislação estabelece a distinção de dois procedimentos: o diocesano e o da Congregação, dito romano.
O primeiro realiza-se no âmbito da diocese na qual aconteceu o facto prodigioso. O bispo abre a instrução sobre o pressuposto milagre na qual são reunidas tanto os depoimentos das testemunhas oculares interrogadas por um tribunal devidamente constituído, como a completa documentação clínica e instrumental inerente ao caso.
Num segundo momento, a Congregação para as Causas dos Santos examina os actos processuais recebidos e as eventuais documentações suplementares, pronunciando o juízo de mérito.
Os acontecimentos extraordinários atribuídos à intercessão de João Paulo II, ainda em vida, não têm validade para esta fase do processo.
Embora tenham sido numerosas as curas inexplicáveis atribuídas pela intercessão de Karol Wojtyla, o padre Slawomir Oder, destaca a cura da freira francesa Marie Simon Pierre, que sofria da Doença de Parkinson.
A religiosa pertence à congregação das Irmãzinhas das Maternidades Católicas e trabalha em Paris, tendo superado, em 2005, todos os sintomas da doença que sofria há quatro anos.