JMJ2023: Jornada em Portugal pode «alavancar» recuperação económica no pós-pandemia (c/vídeo)

D. Américo Aguiar, presidente da Fundação JMJ Lisboa 2023, diz que cada participante é um potencial «embaixador da marca portuguesa»

Foto: JMJLisboa2023

Cidade do Vaticano, 22 nov 2020 (Ecclesia) – D. Américo Aguiar, coordenador-geral da JMJ 2023, afirmou que a realização da Jornada Mundial da Juventude em Lisboa pode ajudar à retoma da atividade económica Portugal, fazendo de cada participante um “embaixador da marca portuguesa”.

“A jornada pode ser uma alavanca na retoma do turismo. Estas centenas de milhares de jovens, segundo estudos das jornadas anteriores, regressam ao país, trazem a família e os amigos. Multiplicamos por cada jovem uma imensidão de pessoas que poderão visitar Lisboa, o Porto, Fátima, Braga e tantas dioceses e cidades portuguesas e ser embaixadores da marca portuguesa”, referiu à Agência ECCLESIA o presidente da Fundação JMJ Lisboa 2023.

Uma comitiva portuguesa esteve esta manhã na Basílica de São Pedro para receber os símbolos da JMJ, a cruz e o ícone de Maria, numa passagem de testemunho da edição anterior, no Panamá, em 2019, para a próxima, que se irá realizar no verão de 2023.

O responsável pela área logística do Comité Organizador Local (COL) dá conta de uma gestão de expectativas que a pandemia impactou, mas sublinha que as várias equipas, divididas em sete departamentos, continuaram sempre a trabalhar.

“Já se teve muito trabalho subterrâneo, discreto, com as autoridades, a Presidência da Republica, Governo de Portugal, autarquias de Lisboa e Loures. Há muito trabalho que tem de ser feito, muita relação interministerial que tem sido trabalhada, discretamente, e um conjunto de coisas que foram entretanto divulgadas: o logo, que representa a identidade da Jornada, também o hino que a seu tempo será apresentado e outras coisas que são a constituição dos grupos diocesanos, que chamados Comité Organizador Diocesano (COD), dos grupos vicariais, que chamados comité organizador vicarial (COV) e os Comité Organizadores Paroquiais, os (COP)”, descreve.

A entrega dos símbolos estava inicialmente prevista para o Domingo de Ramos, a 5 de abril, com a participação de mais de “mil jovens” inscritos para a comitiva portuguesa, mas a pandemia “não o permitiu”.

Acabou por ser um grupo reduzido e representativo da juventude portuguesa, dentro das possibilidades atuais e cumprindo as recomendações das autoridades portugueses e italianas”.

O plano, pré-pandemia, seria fazer viajar os símbolos da JMJ pelos países de língua oficial portuguesa, “pontualmente ir a Santiago de Compostela, em Espanha, por ocasião do Xacobeu”, em 2021, e regressar a Portugal, percorrendo as dioceses.

D. Américo Aguiar explica que com a pandemia “isso não será possível”, sublinhando a importância do “toque, do estar junto” a que os símbolos convocam.

“Não podemos convocar os jovens e a população em geral para esses acontecimentos. Seria grave. Sabemos que a presença nos templos e igrejas para a oração cumprindo as regras têm tido muito sucesso e damos graças a Deus por isso”, precisa.

Foto: JMJLisboa2023

A cruz da JMJ e o ícone mariano ficarão na Sé de Lisboa, “à disposição de todos”, até que as autoridades permitam que os símbolos iniciem o percurso previsto.

O COL não descarta a possibilidade de os símbolos da JMJ visitarem “algumas comunidades portuguesas” no estrangeiro, garantindo que ficará dependente “do que a pandemia proporcionar”.

A organização da JMJ pediu aos jovens, “numa chamada imediata àquilo que são as necessidades à volta”, que “direcionassem o seu coração, dons e disponibilidade” para ajudar os mais necessitados, consequência da pandemia, quer “localmente, nas escolas, nas famílias”.

A receção dos símbolos, acredita o responsável, será o “rastilho” que se espalha e congrega em “alegria e festa” para a preparação das JMJ.

“Precisamos disso: o importante da Jornada não é aquela semana, são os anos de preparação, é a envolvência, o convite, o sentir cativar os jovens que estão na fronteira ou fora da realidade cristã católica e se sentem cativados e curiosos para vir ao encontro deste movimento que o Papa proporciona, desde São João Paulo II, e desta maneira, com a peregrinação dos símbolos, garantir o sucesso das Jornadas”, explica.

D. Américo Aguiar admite que as pessoas, em geral, possam ter o sentimento de “saber a pouco” sobre a preparação, mas dá conta de um trabalho “subterrâneo” e reconhece que a gestão das expetativas é necessária quer por parte de quem está fora, como quem está dentro da organização da JMJ.

“Se a pandemia nos proporcionar isso, quando se for embora com a chegada da vacinação, havemos de conseguir concretizar o nosso desejo de uma comunicação totalmente inclusiva e que chegue ao interior do interior do país e a todas as realidades das nossas comunidades eclesiais. Queremos, no fim da Jornada, que a Sra. Maria da aldeia de França, algures em Bragança, perto do Rio de Onor, saiba da organização da Jornada e se sinta implicada, convocada a participar a partir da sua terra ou em Lisboa, na JMJ”, sublinha.

O presidente da Fundação JMJ Lisboa 2023 sublinha que a convocatória das Jornadas é dirigida a peregrinos dos “8 aos 80” e pede que todas as áreas pastorais sinalizem a sua disponibilidade e vontade de participar.

“Cada uma das áreas pastorais, capelanias prisionais e hospitalares, e tantas realidades pastorais que porventura não estamos a ter lembrança, que se façam presentes e se disponibilizem para que possamos articular ainda mais o que é a comunicação da Jornada”, sublinha.

D. Américo Aguiar indica que a JMJ tem uma matriz católica cristã mas que os valores humanistas são uma oportunidade “única” de partilha.

Foto Dicastério LFV, apresentação do logotipo

“Foi de Assis que o Papa nos enviou a nova encíclica, ‘Fratelli Tutti’, e não pode ser só palavras, tem de ser gestos e concretização. Temos de acolher de braços abertos quem é diferente, quem porventura por desconhecimento, às vezes, resulta em nós uma desconfiança, um pé atrás, temos de ser os primeiros a acolher os irmãos e irmãs, independentemente da geografia e culturas, independentemente do que nos dividia, não estamos aqui para fazer muros e divisões. A JMJ é uma oportunidade única para a humanidade gritar bem alto o que são os valores que construímos ao longo dos milénios”, ressalta.

O responsável fala ainda de uma “inexcedível colaboração” com as instituições do Estado, parte essencial na organização de um evento semelhante, traduzido num “empenho diário, mensal e permanente do Presidente da Republica”.

“Estamos muito gratos ao que significa um acolhimento total, transversal, de todas a áreas de governo, institucionais, das autarquias de Lisboa e de Loures, mas de outras espalhadas pelo país e das juntas de freguesia que têm manifestado disponibilidade, empenho e dedicação para a realização da JMJ”, afirma.

A entrevista, no Vaticano, é emitida hoje no Programa 70×7, pelas 17h40, na RTP2.

PR/LS

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